quinta-feira, novembro 30, 2006
“QUEM É?”
Sua mulher sempre reclamava, naquelas horas de briga esquentada, que ele era feio e mal-encarado. Mesmo na escola - ele se esforçava para lembrar do tempo que ainda estudava, quieto, quando sempre levava a culpa por qualquer coisa -, tinha cara de quem aprontaria, ainda que não quisesse.

Atravessou a rua correndo, apertando o pedaço de papel bastante amassado na mão calejada: Rua das Oliveiras, 59, apartamento 6. Sabia que o cara morava sozinho. A ordem era para entrar e moer ele de pancada, sem dó.

Chegou. Do outro lado da calçada, o prédio, a guarita de porteiro e o próprio, parado no portão de entrada.

Lembra-se: é só prá assustar. O safado deve uma grana violenta pro seu patrão violento. E ele precisa impressionar. Já não bastava o vacilo da última vez, mais uma daquelas e terá que se ver com o cara, frente a frente. Ou adiantar aquele papo com São Pedro.

Uma mulher se aproxima do prédio puxando um pesado carrinho de feira. O funcionário se adianta para ajudá-la. Ele aproveita o instante, atravessa a rua e entra no prédio, esquivo.

Gostaria de fazer outra coisa na vida. Ser jardineiro. Gostava de plantas, as achava bonitas, coloridas. Mas sua mulher acha vaperda de tempo dar tanta atenção pra um vazinho de flor, quando colocaram quatro filhos no mundo. E o trabalho quem lhe arrumou foi o tio Maneco, estimado na comunidade, não podia dar pra trás.

Com o papel ainda na mão, ele pára em frente à porta de número 6, sem olho mágico. Se ajeita, respira fundo, bate duas vezes. De lá de dentro, voz de homem:

- Quem é?

Ele não responde.

- Quem é?

E ele nada. A porta é aberta, e ele entra, invadindo.

- Ei, que porcaria é essa? (...) Não, por favor, não, eu não fiz nada!

No corredor, o som dos socos, e o silêncio.

A porta abre e ele sai, alisando as mãos, vermelhas.
A do elevador abre, e de dentro sai a mulher com o carrinho cheio de compras. Ela se assusta com ele, que lhe segura a porta. Ela sorri agradecida e sai, procurando e tirando as chaves do bolso. Ele desce pelas escadas.

A mulher pára na porta número 6. Pensa em como o seu marido é devagar e inútil dentro de casa. O que de tão importante tem de fazer que ainda não consertou nem o número da porta? Ela inverte o 6 transformando-o em um 9, põe a chave na fechadura, tira, gira a maçaneta e entra, fechando a porta. O número 9 se torna 6 novamente.

Da entrada do prédio, ele ainda consegue ouvir o grito agudo e desesperado de uma mulher, sabe-se lá por qual motivo. Não interessa. Missão cumprida. O chefe ficará feliz.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:05 AM | 12 comentário(s)
Leo, acho que agora consegui: lembrei desse mico, que fiz QUESTÃO de esquecer. Os outros, infelizmente, são impublicáveis.

Pensei, pensei, e desencavei esse mico da época que tentei fazer faculdade de Relações Públicas aqui em Santos. Parei no segundo ano por descobrir que o curso não existia. Não sei como está hoje, mas na minha época eu não aprendia praticamente nada. O único professor com quem aprendi algo foi o Iberê Sirna. Acabei indo para São Paulo e me formei publicitária pela Cásper Líbero mas, antes disso, ainda aqui em Santos e na FACOS, o curso de jornalismo recebia para uma palestra o repórter Caco Barcellos. Eu era super fã dele, e me ofereci para auxiliar no evento, nem que fosse para ficar repondo copo descartável.

No dia do evento, uma das meninas-chave da coordenação não apareceu, e me deixaram no lugar dela. Minha função? Apresentar as instalações da faculdade para ele, fazer um resumo sobre o curso, blá, blá, blá.

Eu, ansiosa por demais. Imaginem, O Caco Barcellos, admirava o cara. Como nos desencontramos (o primeiro erro), comecei a apresentar as instalações de onde estávamos, do último andar, descendo para o primeiro. Lá ia eu, tremendo feito vara verde, o gajo educadíssimo e disfarçando não perceber meu interno mas quase transbordante transtorno, e aquela turba atrás de nós, como se todos fossem visitantes. Eu abria uma portinha, explicação básica, olhadela, fecha portinha, vamos para a próxima. Nesse meio tempo, ele me disse alguma coisa sobre um trabalho desenvolvido na época, eu toda saltitante, me sentindo a companheira de trabalho e praticamente trocando de curso naquele instante, vou abrindo sem aviso a porta do laboratório de rádio, conversando já intimamente com meu mais novo amigo de infância.

Daí olho um momento para todo mundo, incluindo umas duas professororas minhas, que congelam. Não tinha dado tempo dele entrar ainda para sua conferida rápida, o que foi a salvação, pois havia aberto a porta do bannheiro feminino. A companheira de equipe, trocando de roupa lá dentro, entregue pelo reflexo no encontro dos espelhos.

Presença de espírito instantânea, continuamos o passeio com uma multidão muda, praticamente um serviço religioso e profundo.

Nunca mais me chamaram para atuar em nenhum evento. Assim, sem motivo.

Logo Mico Publicável by Leo Indizível

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postado por Aleksandra Pereira às 5:17 PM | 7 comentário(s)
sábado, novembro 25, 2006
Philippe Noiret est mort
Quinta-feira o mundo e o cinema perderam mais um importante representante: aos 76 anos após meses de luta contra um câncer, morreu Philippe Noiret.


Ator em 125 filmes, Noiret destacou-se em "O Carteiro e o Poeta" e, é claro, "Cinema Paradiso". Fez memoráveis pares com Catherine Deneuve, Romy Schneider e Simone Signoret.


Meu pais sempre dizem que "para morrer, basta estar vivo". É a máxima da vida, mas não tem como não ficar triste quando quem vai certamente fará falta.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:17 PM | 4 comentário(s)
sexta-feira, novembro 24, 2006
"A Fria"
Após a divertida convocação para a postagem do meu "Sonho Possível", o mais novo pedido do Indível Leo versa sobre o "Meu mico publicável".


Vamos então aos fatos:

Um grande amigo, daqueles que ralam e muito em cada trabalho - e que hoje merecidamente coordena os programas brasileiros no Festival Internacional de Curtas de SP, me convocava sempre como diretora de produção para seus curtas.

Produzi três sob a direção dele, um com outro amigo, e ainda morro de saudades de nossas épocas de total falta de grana, mas de criatividade à mil.

Como diretora de produção do "Último dia", tive que correr atrás de muitas autorizações com a polícia, para podermos filmar nas ruas com tranqüilidade. Algumas cenas que seriam rodadas aconteceriam perto de meu antigo apartamento, na Vila Mariana, então entreguei a documentação do projeto para o Posto da Polícia da Sena Madureira, que me receberam muito educadamente. Autorizações entregues, agora correria para encontrar objetos de cena. O Sr. diretor William, sempre ele, me solicita um item bastante fácil de se encontrar por aí:

uma porta.

A porta que seria usada nas cenas do esconderijo da personagem da Laís.
Pois bem, lá vou eu atrás de uma porta que atendesse as solicitações. E não encontrava nada. Só que, perto de onde eu morava, na Sena Madureira mesmo, existia uma casa onde outrora funcionava uma escola de inglês, que estava vazia mas cheia de trecos na entrada. Passei na frente por acaso, e fiquei de voltar mais tarde.

Taí uma coisa que não deveria ter feito: voltar lá.

Pois é. Mas eu fiz. Deixei as coisas que trazia no caminho em casa, e voltei lá. Aqui sublinho: deixei TUDO em casa, inclusive documentos (crianças, nunca façam uma coisa dessas!), só levando minha chave. Estava lá eu, com minha camiseta da Mostra Internacional de Cinema, subindo as escadarias da casa que antes parecia tão inocente, agora me desperta receios. Olho para os lados, e só vejo pedaços de madeira, papelão e caixas para todos os lados. E nada de porta. Resolvo entrar mais na casa para observar seu interior, quando de repente começo a ouvir barulhos. E então pessoas, uns três ou quatro homens, surgem do nada (do nada não, de debaixo daquela montoeira de papelão e madeira!), e me perguntam o que eu estou fazendo invadindo e mexendo na casa deles.

Gelei.
Começo a recuar, tentando explicar que estava ali a trabalho, que não procurava por ninguém, e pensando "como está longe essa porta de entrada. Seja esperta. Corra enquanto pode". Do lado de fora, escuto carros freando bruscamente, próximo ao local. Meu instinto não sei porque pensou : "é a polícia, ficarei bem". Policiais então entram na casa, nervosos, recolhendo as pessoas que estavam ali escondidas, invadindo aquela casa. Começaram a arrastar TODAS as pessoas, incluindo essa que lhes escreve. Comecei a tentar explicar que não era mendiga (olha o nível da situação!), que estava ali a trabalho, mas a policial que me segurava não queria saber de conversa.

Continuei repetindo minha história, quando, por sorte minha, uns dos policiais presente no local havia me recebido no dia em que deixei as autorizações para as filmagens no posto de trabalho dele. Ele acabou me reconhecendo e confirmando que eu deveria estar ali só a trabalho realmente. Agradeci, corri de volta para casa agradecendo por não ter acontecido nada pior. A porta? Bem, acabei não arranjando porta nenhuma. Por coincidência, ao irmos filmar na casa da Carol, encontramos uma dentro de uma caçamba. Se não fosse por isso, lá estaria eu novamente atrás de uma outra porta. E torcendo para não entrar em outra fria, como aquela de filmar no estacionamento dos mafiosos lá na Treze de Maio.

Mais isso já é outra história...


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postado por Aleksandra Pereira às 7:12 PM | 12 comentário(s)
"Não consigo imaginar minha vida sem livros.
Há um verbo novo que costumo usar em crônicas e poemas:
'escreviver'. Eu escrevivo."




Affonso Romano de Sant'Anna
Poeta e escritor brasileiro

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postado por Aleksandra Pereira às 6:21 PM | 4 comentário(s)

Quando conta nem ela mesma acredita, mas Anete perdeu seu marido enquanto faziam compras no supermercado. Sim, perdeu. Há dois anos.

O que Anete não soube foi que, enquanto escolhia entre testar ou não uma marca nova de detergente, Durval, o marido perdido, rumava em direção ao perigo que o aguardava em meio às delícias do setor das guloseimas:

Xênia, prestativa demonstradora de biscoitos, um sorriso nos lábios, a mocidade latente e tudo o que Durval queria para ser feliz: 96 de busto, 74 de cintura, 98 de quadril.

A curvilínea prestadora de serviços só precisou lhe dizer: “Vem!”. E ele foi.

Anete ainda assina o sobrenome de Durval – legalmente, ainda é casada. Nunca se sabe, talvez um dia, uma noite, Durval retorne cansado, com seu velho andar pesado, reclamando o jantar na mesa.

Volta, Durval. Hoje a Anete fez Picadinho.



pintura do belga Magritte
"eu faço uso da pintura para tornar os pensamentos visíveis".

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postado por Aleksandra Pereira às 1:47 AM | 6 comentário(s)
terça-feira, novembro 21, 2006
Robert Altman morre nos EUA aos 81 anos

"A única coisa que lamento é que um dia verei a luz no fim do
túnel e não poderei continuar fazendo cinema"

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postado por Aleksandra Pereira às 5:37 PM | 8 comentário(s)
segunda-feira, novembro 20, 2006
CARTAS AO TEMPO

Nina em tudo era a primeira: matemática, história, natação, culinária, sempre a mais aplicada em qualquer coisa que quisesse fazer.

E como o primeiro lugar permanecia ocupado, Roberta amargava os dissabores de ser a “segunda melhor”. Ela chegava mais cedo, devorava livros, interrogava professores, ralava para alcançar o que Nina obtinha com facilidade e sem suar os cabelos.

Quis o destino que as duas fossem amigas, Nina e Roberta. Por mais que a segunda (viu só?) desejasse ser a primeira com fervor, lhe queria bem. Às vezes brigavam de se estapear, é verdade, mas nada que não aconteça nas melhores famílias ou entre as melhores amigas.

Seguiram do primário ao colegial assim, discutindo por tudo: uma fita de cabelo, um vestido amareladamente mais bonito, um papel na peça da escola, namorados. Por esses as brigas eram as piores.

As duas conheciam o mesmo garoto, normal. Era Nina se interessar por ele, Roberta já reclamava seu secreto apreço pelo rapaz, agora atrapalhado pela “traição” de Nina que o “roubava” de caso pensado. Nina podia jurar, ajoelhar, implorar a atenção da amiga, mas a birra custava a desmanchar – até Nina não demonstrar mais vontade pelo menino, aí voltava tudo a ser como antes.

Ainda que vivessem coladas por serem vizinhas (mas a rua do lado de Nina era mais bonita) e estudarem nas mesmas turmas, se encontravam todo fim de tarde, para terminarem uma conversa começada no recreio,
lerem romances às escondidas entre risos abafados e gritinhos, fosse para fazerem planos.

Nina sonhava ser escritora, viajar o mundo inteiro, casar com um astro do cinema e ter quatro filhas. Roberta viajaria o mundo antes de ter seus quatro filhos (que se casariam com as quatro de Nina) e seria uma grande cineasta dirigindo o marido, mega astro do cinema. Depois contaria toda a sua vida no livro que iria escrever.

Naquele 20 de março, em especial, propuseram um pacto: escreveriam seus planos para o futuro, deixariam beijos e abraços para a família que já tinham e também para a família que formariam. Em uma lata de café guardaram cartas, fotos, recortes, a fita azul do cabelo de Nina e a pulseira de castanhas de Roberta, além do aviso: “Se você não for nem a Nina ou a Roberta, não mexa, seu xereta!”. Pronto. Escondida aos pés da jabuticabeira, na direção da ponte, uma lata furtada da cozinha ainda cheirando forte, abrigava desejos e o futuro de duas grandes amigas, que o seriam até o fim da vida.

A amizade durou mais seis anos após aquele dia. Nina se apaixonara por Mateus, rapaz sofisticado e bonito, filho de amigos do seu pai, paixão secreta de Roberta – sim, ela também o queria, realmente. E tanto fez, que conseguiu: desmanchou o noivado dele com a amiga, e com ele casou.

Os quatro filhos de Roberta nasceram, mas se casaram depois com moças de origens diferentes. Nunca mais soube de Nina, cuja família mudara para apaziguar o sofrimento da filha. Não ouvira mais falar dela até aquele instante, anos depois, quando teve notícias de sua morte, na Itália. Morrera dormindo.

Era assim que Roberta sonhava morrer, mas na hora não se lembrou disso. Seus pensamentos a levaram para um passo distante onde contava com uma grande amiga para tudo. Não pode apresentar para Nina sua família, filhos daquele que um dia fora dela, que hoje nem mais de Roberta era. Não sentaria com a amiga para exibir seus premiados filmes – será que Nina assistira algum? -, nem lhe daria para ler o rascunho de sua biografia, que só alcançava graça quando falava dela, Nina. Que saudade.

E a saudade a guiou até o velho pé de jabuticaba. Com um pedaço de pau, revolveu a terra exumando os desejos de uma época feliz. A lata ainda guardava um fraco cheiro de café, lembrança boa. Roberta lavou com lágrimas as envelhecidas imagens da felicidade eternizada naqueles instantâneos. A carta para os filhos, a mostraria depois. Ali, as peças preferidas – a fita de Nina, ainda com rastros de seu shampoo, uma gasta pulseira...

A vista turva identifica a letra redonda de professora de Nina, em um envelope onde Roberta lia seu próprio nome. Ao abri-lo, sentiu ao ouvido a voz daquela que lhe fazia uma falta de doer, que levou com ela a melhor parte das duas:

“Beta,
eu te amo.

Não só como amiga, nunca.

Espero que um dia saiba,
entenda e me perdoe.

Será a primeira para mim,
sempre.


Nina.”


Roberta não escreveria mais sua autobiografia, mesmo com o desfecho mais emocionado de sua vida. Perdera a amiga, a leitora, o amor, e a si mesma, tudo naquela mesma tarde, aos pés da velha jabuticabeira.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:36 AM | 8 comentário(s)
sábado, novembro 18, 2006
Amor mais perdido
O passado de Edvaldo já era há muito obscuro quando apaixonou-se por Rosimeire, a Rose, que nada sabia nada sobre sua vida pregressa. Para ela, Edvaldo trabalhava com vendas.
Por oito anos, ele a enganou.

Quando estava grávida de sete meses do segundo filho, Rose recebeu um estranho telefonema: Edvaldo, ligando da delegacia, preso por roubar um banco. Um assaltante. Não demonstrava arrependimento, acreditava ser o Robin Hood da Zona Leste.

Ela passa mal, se revolta. Enganada, traída. Odeia Edvaldo com todas as suas forças. Mas também recorda dos momentos bons. Os finais de semana em casa com o pequeno, a horta adorada e tratada com carinho que lhe garantia os aromas do almoço, o cheiro no pescoço quando colava o corpo no seu pra dormir.

Hoje, domingo, o pequeno Vinícius e seu irmão correm com outras crianças, enquanto Rose aguarda a inspeção em sua bolsa, na entrada da Penitenciária, ostentando oito meses de gravidez. Gêmeos. Conversa animada com suas companheiras de fado, pensando que não desejaria estar em outro lugar. Gostaria que Edvaldo estivesse.

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postado por Aleksandra Pereira às 9:26 AM | 5 comentário(s)
sexta-feira, novembro 17, 2006
Lipe, querido,
uma quarta-feira maravilhosa pra ti, mesmo sendo sexta.


Feliz aniversário!


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postado por Aleksandra Pereira às 2:02 PM | 4 comentário(s)
Nota publicada em "O Globo" - 11/11/2006
- por Miguel Conde


Para cada livro publicado há muitos mais que são rejeitados. Há um tempo, esses escritos estavam sentenciados à reclusão na gaveta. Hoje, não. Diante da dificuldade de serem editados em papel, novos autores estão publicando seus livros na internet. Às vezes, a edição digital é criada antes mesmo de o livro ser enviado às editoras, para que ele chegue a elas já com "currículo". Algumas atraem milhares de leitores, e são comentadas em blogs e revistas online. A partir desta edição, o Prosa & Verso volta seu olhar para essas obras, e começa a publicar resenhas de livros ainda inéditos em papel, desde que estejam publicados na internet, e, portanto, ao alcance dos leitores do caderno.


Como participar
Para ter seu original resenhado pelo Prosa & Verso, você deve publicá-lo num site ou blog na internet e enviar o endereço para o e-mail: ineditos@oglobo.com.br. Apenas o link e uma breve apresentação do escritor devem ser enviados. E-mails com arquivos anexados serão desconsiderados. A seleção dos livros a serem resenhados ficará a cargo da equipe do caderno. Os autores dos livros que forem escolhidos serão contactados. O Prosa & Verso pretende publicar pelo menos uma resenha dessas por mês.

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postado por Aleksandra Pereira às 4:12 PM | 0 comentário(s)
quarta-feira, novembro 15, 2006
AMIZADE
- Foi bom dormir com você. Obrigada.
- Não há de quê.
- Não durmo com alguém tão bem assim há muito tempo. Foi muito bom.
- E você, como está realmente?
- Ótimo.
- Está se sentindo bem?
- Sim. Melhor que bem.
- Fico feliz em saber que está bem.
- A única coisa errada é que senti muito a sua falta durante todo esse tempo longe.
- Viu só? Foi só dormir comigo, agora praticamente me ama!

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postado por Aleksandra Pereira às 12:00 PM | 2 comentário(s)
segunda-feira, novembro 13, 2006
Espaços
O que mais dói quando alguém que a gente ama vai embora é preencher os espaços vazios.

A fileira de livros a lembrar uma boca perdendo dentes, a sorrir um riso infeliz.

Os grandes casacos já não amassam mais meus vestidos no escuro do armário.

A cama se torna tão grande de repente.

O vento não traz mais os assobios, interjeições, odores.
Seria somente o vento, se não trouxesse com ele o eco de sua última frase ao bater a porta: "não me procure mais".

O fim, o vazio.
Preencher os espaços. De dentro e de fora.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:55 AM | 5 comentário(s)
Tive a oportunidade deliciada de rever ontem através da TV Câmara esse exemplo de parceria no amor à vida e aos livros. Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna, 35 anos de casamento e cumplicidade, ainda encantados um com o outro. Lindos.

Algumas frases pinçadas:

"Ás vezes é nos desencontros que as almas se revelam"_Affonso

"Nós somos um e dois o tempo inteiro"_Marina

"Não concorra com a minha falta de memória, que você vai perder"_Affonso

"Poesia é uma maneira da alma humana respirar, transpirar diante do inexplicável"_ Affonso

Um pequeno poema, por Affonso:
"CHEGANDO EM CASA"

Chegando em casa com a alma amarfanhada e escura das refregas burocráticas, leio sobre a mesa um bilhete que dizia:

Hoje, 22 de agosto de 1994, meu marido perdeu deste terraço, mais um pôr-do-sol no Dois Irmãos, um canto de um Bem-te-vi e uma orquídea que entardecia sobre o mar.


Crédito da imagem: Josemar Gonçalves

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postado por Aleksandra Pereira às 11:23 AM | 3 comentário(s)
sexta-feira, novembro 10, 2006
"ALGUÉM SABE DA MARTA?"
Essa história já foi publicada aqui, mas como "Marta", a original, primeira (e não a única) ressurge como o fantasma de meus piores pesadelos (os reais), reposto o texto. Divirtam-se, ou solidarizem-se com a minha humilde e descabelada pessoa ;-)
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- Ô Dona Marta, ainda num é hora de jogar o lixo não.
- Quebra esse galho, Seu Lázaro, tô super atrasada hoje. Tchau!
- Tchau, Dona Marta. Hoje. Toda semana, a mesma história...

Marta não tinha a mínima vocação para os afazeres domésticos. Sua residência, lar, cafofo ou qualquer outro nome que queira dar, se assemelhava a passagem do furacão Katrina: roupas pelo chão, sapatos mal estacionados debaixo do sofá, calcinhas penduradas em todos os cantos do banheiro, e restos de comida ao lado dos eletrônicos - quando não dentro. Uma desordem total.

Faxina pesada ou mesmo uma limpeza superficial, só em dias de visita, quando os armários eram entupidos com cacarecos e uma selva de trastes velhos se escondia debaixo da cama. Tirado o entulho do meio da passagem, as janelas encardidas eram abertas enquanto ardiam um ou dois incensos, para disfarçar o odor.

Trocar roupa de cama ou arrumar os lençóis? Para Marta, filosofia de vida era: “Se vou usar de novo, prá que pôr no lugar?”.

Por várias vezes trocou de companheira de quarto – mas nenhuma teve estômago suficiente; perto de Marta, todas pareciam Amélia, aquela que era mulher de verdade. Apertada para pagar o aluguel, vivia pendurada, mas não gostava de guardar dinheiro ou economizar, e dizia: “Não deixe para gastar amanhã o dinheiro que pode gastar hoje”.

Ela também gostava de frases de efeito.

Sua desorganização atingia também outras áreas de sua vida: vivia chegando atrasada ao trabalho, pois sempre perdia a hora e tempo correndo para mar banho, encontrar uma roupa razoavelmente limpa e sair. Sempre tinha um colega a perguntar: “Alguém sabe da Marta?”.

Ela aproveitava para colocar a culpa em tudo: no relógio, no trânsito, na chuva, no síndico, no elevador ou mesmo na mãe.

Por telefone, Dona Lúcia só podia enviar recomendações, “ande na linha, se esforce no emprego, guarde dinheiro, tome remédio, arrume um namorado”, e outras tantas rogativas que Marta já se acostumara a nem mais ouvir. Pelo menos a súplica para o namorado ela resolvera atender: conheceu Otávio, arquiteto bonito, inteligente e rico. A resposta para seus problemas, trazendo consigo interessantes acessórios opcionais: dinheiro para gastar, casa de praia e empregados, vários deles.

Um dia, em casa após o expediente, Otávio telefona convidando Marta para jantar, mas que se apressasse, pois chegaria ao apartamento da amada em 45 minutos.

45 minutos.
Tempo regular para quem mantivesse as coisas razoavelmente no lugar, incluindo roupas, sapatos, maquiagem... e toda a casa.

Ferrou”.
Correndo contra o relógio, Marta executou uma limpeza que chamava de “disfarçando as evidências”: da geladeira, tudo o que estava verde ou que um dia havia sido verde, direto para o lixo, sem perdão. Meias, calcinhas, sutiãs e lenços servindo como enchimentos para as já robustas almofadas. E todos os trecos e cacarecos ainda largados para o já atulhado quarto de empregada.

Pronto. Agora um banho a jato (“Ainda bem que depilei as pernas ontem!”), um vestido preto (“Só precisa esfregar essa manchinha na barra. Ué, tá ficando maior”), uma sandália baixinha (“Eu comprei mesmo um pé preto e outro azul marinho?”). Uma escovada básica nos dentes e outra nos cabelos, prá dar brilho.

Escova. (“Secador. Onde guardei o secador? Última vez que o vi... na sala? Não. Área de serviço? Também não. Dentro da bolsa de praia! Mas e a bolsa? Quarto de empregada!”).

15 minutos.
Marta encarou as pilhas de bagunças do quarto de empregada como um jogo de pega-varetas: se tirasse a peça errada, a estrutura despencaria. E aquela obra de arte havia levado tempo para ser erguida, e ainda tinha história! Ali poderia ser encontrado, talvez, o seu primeiro videocassete, ainda com a fita do “Dirty Dancing” presa dentro, que fingia assistir enquanto tirava a calça do... do... como era o nome dele mesmo?

Tinha que considerar a situação, mas rápido: Otávio valia o esforço de recuperar o secador perdido? Beleza. Dinheiro. Empregada. Empregada... Tudo bem. Respirou fundo, e se lançou na empreitada.

Marta começou a remontar a pilha. Uma coleção de clássicos nunca lidos prá lá, revistas de fofoca prá cá, meia garrafa de vinho. E nada do secador.

Mas foi de tanto procurar, que achou. Achou toda a pilha em cima de sua cabeça. Com o deslocamento das bugigangas, Marta se viu trancada, de porta batida.

Calma, garota. Raciocina. Com secador ou sem você terá que sair desse quartinho. Otávio não vai deixar de te amar pelos seus cabelos crespos e sem brilho. (...) Ou vai?

Campainha. Otávio! A salvação.

Marta gritou, chamou por Otávio, que nada ouviu. Esperneou, descabelou, e nada. Quanto mais se debatia, mais afundava na bagunça e se aproximava da parede oposta à porta. Otávio, indignado com a desfeita da namorada, vai embora.

O coração nervoso reclamou, mas Marta preferiu nem lembrar que o remédio para sua dor ficara do lado de fora, no banheiro. Ou na bolsa. Na cozinha. Em algum lugar.



Marta nunca mais foi vista.
Tempos depois Otávio casou com uma atriz, dessas de revista de fofocas, que vinha com suas próprias empregadas.

O proprietário do apartamento de Marta e síndico do prédio, Seu Lázaro, é que não sabia mais o que fazer. Sem receber os aluguéis atrasados, tentou contato por telefone, celular, e-mails e cartas. Nada, nem mesmo com a mãe de Marta, coitada, que além da hérnia guardava um coração fraco pra receber susto.
Com sua cópia da chave, o senhorio entrou no apartamento.

Seu Lázaro ora pensava em Marta com tristeza, provavelmente seqüestrada e mantida refém em algum cativeiro. Ora pensava em Marta com raiva, provavelmente em outra cidade dando calote noutro locador.

Precisava do dinheiro do aluguel, mas o que fazer com toda aquela bagunça? Bagunça que, por sinal, fedia mais a cada dia.

E no escritório de Marta, volta e meia um colega ainda perguntava:

- Alguém sabe da Marta?.

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postado por Aleksandra Pereira às 9:31 AM | 5 comentário(s)

"Quando me sento para escrever não o faço desde um lugar geográfico mas desde minha alma, minhas víceras, minha mente. Sou um mestiço desde qualquer ponto de vista, uma incessante mescla de tudo o que existe."

Efraim Medina Reyes
Escritor colombiano

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postado por Aleksandra Pereira às 9:13 AM | 2 comentário(s)
quarta-feira, novembro 08, 2006
LÁGRIMAS LAVADAS VISITA E RECOMENDA # 5



Conheci o "Quase por acaso" através dos links do Alexandre Costa, queridíssimo blogueiro nos "Contos e Cultos". Li os textos postados, escrevi para o organizador do site, e hoje o "Quase" é mais uma casa que acolheu meus textos.

Vale a visita, e o incentivo para um site interessado em divulgar textos bem bacanas.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:02 AM | 1 comentário(s)
segunda-feira, novembro 06, 2006
amor + música
Musician in the Rain
Robert Doisneau

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postado por Aleksandra Pereira às 4:46 PM | 2 comentário(s)
- Que silêncio, que foi?...
- Nada. (...)Estava pensando em minha vida, em minhas escolhas. Eu quase nunca namorei os homens pelos quais me apaixonei, sabia? Alguns que me interessavam, eu investia, mas não vingava. Mas, principalmente os daquelas paixões fulminantes, arrebatadoras, eu não conseguia nem chegar perto. Mais do que avassaladoras, eram paixões platônicas. As que me inspiravam os mais diversos textos, às vezes nascidos só por um olhar, uma palavra dita de forma diferente.
Quantas vezes mudei meu percurso habitual para dar só uma olhadinha, ver mais de perto alguém que eu queria. Os autores que conheci por saber que daqueles eles gostavam, as músicas aprendidas, os pratos experimentados...
Recentemente tive duas oportunidades de rever antigos amores. Sempre fui curiosa em saber o que conseguiram, o que se tornaram sem mim. Um está até muito bem, possui seu próprio negócio, bastante próspero. Mas está dividindo na justiça tudo o que conquistou com a ex-mulher, que o trocou pelo gerente do banco.
O outro... está bem casado. Engordou uns dez quilos, os cabelos estão mais ralos. Se divide entre o trabalho na loja do pai e cuidar dos três filhos, com mais um a caminho.
Será que eu poderia ter feito alguma diferença para estas duas vidas? Seria eu a fugir com o gerente do banco, ou com a barriga estourando para a luz ao quarto filho? Seria tudo muito diferente? Melhor? Pior? Mais feliz do que estar onde estou hoje, mas sozinha?

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postado por Aleksandra Pereira às 6:51 AM | 4 comentário(s)
sábado, novembro 04, 2006
Concurso de Contos Mente Aberta
ÉPOCA quer ter a honra de publicar, pela primeira vez, a produção literária de autores inciantes brasileiros. Vale tudo, de cultores do pop como Nick Hornby e Hanif Kureishi a seguidores dos estilistas Dalton Trevisan e Rubem Fonseca. Assim, está instituído a partir de agora o Concurso de Contos Mente Aberta.

Poderão se inscrever autores que não tiverem ainda livro publicado no próprio nome. Participação em coletâneas ou revistas literárias não é impeditivo. Escritores-blogueiros são bem-vindos. Para participar, envie um conto de no máximo 7.000 toques para o e-mail concursomenteaberta@edglobo.com.br. Os contos deverão ser inteiramente inéditos - a publicação anterior em coletâneas, livros ou revistas levará à imediata desclassificação. A temática é livre e não há limitação de estilo ou formato. O júri será formado pelos jornalistas envolvidos com a seção Mente Aberta, e presidido pelo editor Luís Antônio Giron.

O vencedor terá seu conto publicado na revista ÉPOCA , na seção Mente Aberta. Caso haja um número grande de contos considerados de bom nível pela comissão julgadora, será cogitada a publicação de um livro com os melhores. Antes do anúncio do vencedor, os contos não poderão ser publicados em nenhum veículo impresso, sob pena de desclassificação.


Os contos devem ser enviados até 31 de janeiro de 2007, e o resultado será anunciado no início de março. O júri é soberano para decidir sobre casos omissos.

Clique aqui para ler o regulamento completo

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postado por Aleksandra Pereira às 11:54 PM | 2 comentário(s)
Meu queridíssimo amigo Ivan me convidou para que escrevesse sobre fatos estranhos, aleatórios e sem noção da minha personalidade. Já havia postado aqui minhas manias, um convite da Andréa N..

Mas, como um plus ao post das manias, coleciono também esses "gostos alternativos":

_Adoro cheiro de livro (e de jeans também).
_Gosto de nadar na chuva.
_Choro de soluçar com música folk irlandesa.
_Tenho uma estranha fascinação por espadas. Estranhas por serem instrumentos letais, eu sei, sou uma pessoa pacífica, mas a minha atração é grande. Talvez por isso goste dos contos celta, de tudo que ronde a lenda de Arthur, que queira fazer esgrima e assista a semana das artes marciais no NatGeo. É mais forte e mais antigo que eu, acreditem.

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postado por Aleksandra Pereira às 4:12 PM | 2 comentário(s)
sexta-feira, novembro 03, 2006
GUERRA & PAZ - SEM EXPLICAÇÃO

- FABIANA!?

- Oi, amor.
- Já está pronta?

- Só um pouquinho, amor, não achei o sapato que combina com a saia longa vermelha.

- Vermelha? Fabiana, tem meia hora que eu olhei e era azul, Fabi, azul. Um VESTIDO.

- Me deixou gorda.

- Gorda onde, Fabiana?

- Do dedinho do pé aos pensamentos.

- Ai, meu Deus! Fabi, A ÓPERA. Não irão nos esperar para começar. Fabi...

- Não sei. Acho que vou com o vestido mesmo.
- FABIANA!



Quando conheci a Fabiana, tive certeza de que não era mulher pra mim: descolada, bem-humorada, sexy. Nunca me olharia. Mas olhou. Sorriu do meu jeito sem graça, da falta de tato; ouviu trechos dos meus três primeiros romances ainda não publicados, da minha peça nunca encenada, da minha vida pouco vivida. Achei que não tornaria a vê-la, mas na semana seguinte estava lá, no lugar que combinamos. Saia jeans, blusinha, elástico nos cabelos presos. Batom marcante e perfume suave, cheirando a promessas.


Fabiana entrou em minha vida feito um furacão. Mal se instalou em casa foi mudando as coisas ao seu gosto, reorganizando meus CDs, escondendo as pilhas de gibis. Me sentia “a visita”, perdido. Tirou a cama do lugar por causa do “feng-shui”, comprou um grill para diminuir a gordura, transformou o quarto de despejos em sapateira (todos com salto. É mesmo impressionante o que uma mulher pode agüentar só por vaidade!). Um saco.

Tá bom. A casa ficou aconchegante, eu admito. Só não parece a minha.

O sexo é formidável, mas as discussões são homéricas: “abaixe a tampa do vaso”, “tire a toalha molhada da cama”, “não bebe na garrafa”. Só que é o MEU vaso, MINHA cama, MINHA garrafa. Meus.

O único reino somente meu é o do papel com minhas tentativas de contos, roteiros, peças. Vez por outra uma personagem morena, gostosa e mandona tenta se infiltrar nas histórias, mas eu a exorcizo, sua morena gostosa e mandona.

A Fabiana pode ser mandona, briguenta, mas é uma gracinha. Se derrete de chorar com comercial de margarina, não tem medo de barata e sim de borboleta, além de memória de elefante para coisas bobas. Mas tem uma enorme capacidade de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo, sempre prova a minha comida antes, põe ordem no meu caos.

Ela me escuta, traduzindo minha língua enrolada. E fica linda só com a camiseta do meu time e uma calcinha de algodão. Pena que leve tanto tempo pra se arrumar.

Se bem que esse põe e tira roupa por não ter o que vestir é um dos meus shows eróticos preferidos...

- Mauríciô?... Me ajuda a fechar o vestido? Tô quase pronta. Isso. Não, amor, é pra fechar...
- Vamos ficar por aqui mesmo.
- Poxa. Por eu me atrasar SÓ UM POUQUINHO?

- Não. É que o programinha caseiro ficou muito mais interessante...

- Bobo!

ilustração: "A Couple"_Fernando Botero



Quer saber quando essa história começou por aqui?
Leia Guerra & Paz_Mentiras sinceras me interessam

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postado por Aleksandra Pereira às 12:56 PM | 4 comentário(s)
quinta-feira, novembro 02, 2006
"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."


Lya Luft, grande mulher e fonte de inspiração.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:54 PM | 3 comentário(s)
quarta-feira, novembro 01, 2006
sinta

Please, Please, Please, Let Me Get What I Want
The Smiths

Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad

So please please please

Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time

Haven't had a dream in a long time

See, the life I've had
Can make a good man bad

So for once in my life

Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time
Lord knows, it would be the first time


TRADUÇÃO
Por Favor, Por Favor, Por Favor Deixe-me Conseguir o Que Quero.

Bom momento para uma mudança
Veja, a sorte que tive
faria um bom homem
se tornar mal

Então por favor, por favor, por favor
deixe-me, deixe-me, deixe-me
conseguir o quero
dessa vez

Não tendo um sonho por um longo tempo
Veja, a vida que tive
faria um bom homem, mal

Então por uma vez na vida
deixe-me conseguir o que quero
O Senhor sabe que seria a primeira vez
O Senhor sabe que seria a primeira vez


FOTO: o adorado ator Alan Rickman

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postado por Aleksandra Pereira às 7:02 PM | 4 comentário(s)


My blog is worth $7,339.02.
How much is your blog worth?

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postado por Aleksandra Pereira às 12:13 PM | 3 comentário(s)
Kaydon e Layton Richardson
 
postado por Aleksandra Pereira às 6:04 AM | 2 comentário(s)

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