- Nada. (...)Estava pensando em minha vida, em minhas escolhas. Eu quase nunca namorei os homens pelos quais me apaixonei, sabia? Alguns que me interessavam, eu investia, mas não vingava. Mas, principalmente os daquelas paixões fulminantes, arrebatadoras, eu não conseguia nem chegar perto. Mais do que avassaladoras, eram paixões platônicas. As que me inspiravam os mais diversos textos, às vezes nascidos só por um olhar, uma palavra dita de forma diferente.
Quantas vezes mudei meu percurso habitual para dar só uma olhadinha, ver mais de perto alguém que eu queria. Os autores que conheci por saber que daqueles eles gostavam, as músicas aprendidas, os pratos experimentados...
Recentemente tive duas oportunidades de rever antigos amores. Sempre fui curiosa em saber o que conseguiram, o que se tornaram sem mim. Um está até muito bem, possui seu próprio negócio, bastante próspero. Mas está dividindo na justiça tudo o que conquistou com a ex-mulher, que o trocou pelo gerente do banco.
O outro... está bem casado. Engordou uns dez quilos, os cabelos estão mais ralos. Se divide entre o trabalho na loja do pai e cuidar dos três filhos, com mais um a caminho.
Será que eu poderia ter feito alguma diferença para estas duas vidas? Seria eu a fugir com o gerente do banco, ou com a barriga estourando para a luz ao quarto filho? Seria tudo muito diferente? Melhor? Pior? Mais feliz do que estar onde estou hoje, mas sozinha?
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