sábado, maio 28, 2005
Tic.Tac.
28. Vinte e oito anos.
Ao completar quinze, só pensava em meus 18,
e o que conquistaria até lá.
Aos 18, já sonhava com os 21.

21 anos. Diploma do superior nas mãos,
imaginando que aos 25 teria tudo o
que havia desejado na vida.

O tempo passa. Caminham os ponteiros do relógio.
E o terceiro grande ciclo prestes a se completar,
trazendo com ele os 28 anos.

Vinte e oito. Entrando no jardim da casa dos 30.
Ave, Balzac!

Hoje, da altura dos meus 27 e tantos,
olho para trás, tentando ler em minhas pegadas
o caminho que trilhei pra mim aos 15, 18, 21, 25.
Desejos que mudaram, outros acrescidos, alguns renegados.
Mais perto de uns, mais distante de outros.

Mas a idade também, de certa forma,
faz com que procuremos ver as coisas,
as mesmas e outras,
com outros olhos:

enxergar as perdas como recomeços;
as tristezas, como aprendizado.

E, principalmente,
o + 1 denunciado em minha identidade
como experiência, e não só mais fios
brancos em meus cabelos.

A vida não continua.
Se inicia.

Tic.Tac.



Sei que deveria e seria mais lógico até postar este texto após completar os 28, mas, sabe como é, sou apressada, já pensando nos 30...

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postado por Aleksandra Pereira às 1:33 AM | 2 comentário(s)
quinta-feira, maio 26, 2005
"Casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo. A mais linda, a mais amada, respeitada, cuidada... A mais bem comida. E a pessoa mais namorada do mundo e a mais casada. E a mais festas, viagens, jantares... Casa comigo que te faço a pessoa mais realizada profissionalmente. E a mais grávida e a mais mãe. E a pessoa mais primeiras discussões. A pessoa mais novas brigas e as discussões de sempre. Casa comigo que te faço a pessoa mais separada do mundo. Te faço a pessoa mais solitária com filho para criar do mundo. A pessoa mais foi ao fundo do poço e dá a volta por cima de todas. A mais reconstruiu sua vida. A mais conheceu uma nova pessoa, a mais se apaixonou novamente... Casa comigo que te faço a pessoa mais Casa comigo que te faço a pessoa mais "casa comigo que te faço a pessoa mais feliz do mundo".

Michel Melamed.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:31 AM | 0 comentário(s)
1.
Com tanto navio para partir
minha saudade não sabe onde embarcar…

2.
A água comove a pedra
que parece fremir levemente.
Na oscilação breve das marolas
Há homens malogrando
olhares vagos, indecisos, alongados.

3.
(Completa ausência de tempo.
O calendário se desfaz
nas sombras, na
brisa e na anatomia
recortada do estuário…).

Cambía todos os
tons esta angústia à flor da água.

4.
Não há gaivotas nem quaisquer
outros pássaros oceânicos.
Todavia, aquela espuma brilhante
sugere o roçar logo de algum.

5.
Vem do passado a romântica
sugestão de velas pandas.
Itinerários de descobertas,
roteiros de constelações,
ilhas remotas habitadas
por estranhos povos inocentes
--- pele morena, olhos ariscos,
porte severo, movimentos puros
de corpos ao vento e ao sol.

6.
Sirene arrepiando a epiderme do meio-dia.

7.
Silenciosamente pesados
firmam-se nas horas os navios,
fortuitos donos do porto,
transitórios proprietários
de metros de alvenaria
que fazem maior a tristeza
da imensa nostalgia portuária.

Ah! receber todos os adeuses,
todos os abraços, todos os olhares
de ida e volta e permanecer
ancorado na paisagem imutável.

Narciso de Andrade, o poeta do vento e das maresias. Mais de meio século de poesia, infelizmente com obra ainda inédita em livro. Seus textos são de uma sutileza e de uma riqueza poética nem sempre fácil de captar. Embora seus versos raras vezes tenham conseguido ultrapassar as fronteiras da província, Narciso esteve sempre ligado ao que acontecia no mundo em termos de poesia.

Sua principal influência veio do poeta andaluz Federico García Lorca. Depois, vieram Carlos Drummond de Andrade e Fernando Pessoa. Houve uma época, mais tarde, em que travou conhecimento com o trabalho de alguns poetas portugueses, especialmente José Régio, o maior nome do Segundo Modernismo português, herdeiro espiritual de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro. Outro poeta luso que conheceu à distância foi Alexandre O´Neill, com quem trocava idéias por correspondência.

Para Décio de Almeida Prado, poeta que dirigiu o suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo, os versos de abertura deste poema, “Cais” constituíam umas das mais belas passagens que a poesia brasileira produzira.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:48 PM | 3 comentário(s)
sexta-feira, maio 20, 2005
- Aonde você vai?
- Eu estou te deixando, Felipe. Não importa pra onde eu vou.
- Você não vai a lugar nenhum, Lola.
- Como é que é?
- Você não pode me deixar.
- Ah, é? Então me diga um motivo, um só e definitivo, que me faça ficar.
- (...)
- Estou esperando.
- Eu preciso de você.
- Motivo errado.


Trecho do livro "Singularidades Nuas"

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postado por Aleksandra Pereira às 2:39 PM | 1 comentário(s)
quinta-feira, maio 19, 2005
“Estados de espírito”
Chuva.
Molhado lá fora.
E eu, serena por dentro.

Ventania.
O vento sopra as folhas da janela, parecendo uma casa velha, abandonada. Cheia de fantasmas.
E eu, serena por dentro.

Tempestade.
Problemas e preocupações, que só se repetem, cismam em aparecer.
E eu, serena por dentro.

Furacão.
A vida passa por mim, num turbilhão de “e ses”, de sins, nãos, porquês.
E eu, serena por dentro.

Você.
E eu não sei nem mais quem sou.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:11 AM | 1 comentário(s)
quarta-feira, maio 18, 2005
Singularidades Nuas, por Heloísa Seixas
Dentro dos buracos negros a matéria atinge uma densidade infinita, como se imagina que tenha acontecido no momento de criação do universo. Naquele instante zero, tudo o que existia cabia dentro de um único ponto, que os astrofísicos chamam de singularidade.Uma luz. Nem isso, apenas uma névoa branca.Só que, há pouco tempo, alguns cientistas provaram que é teoricamente possível existirem singularidades fora dos buracos negros, isto é, soltas no universo. A elas, deram o nome de singularidades nuas.

trecho do livro "Diário de Perséfone"

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postado por Aleksandra Pereira às 3:06 AM | 0 comentário(s)
terça-feira, maio 17, 2005
Verdades
- É engraçado... Se soubesse disso tempos atrás, teria feito toda a diferença do mundo. Toda.
Quando te revi aquele dia... barbudo! Tão diferente de como te conheci... Por meses só tive olhos e ouvidos para você. Mas teu compromisso com outra mulher, o teu desejo em ter uma vida estável, te distanciava de mim. Eu te oferecia tempestade, turbulência, não um porto seguro.
Agora está aqui. Sozinho, disponível. Tudo o que eu outrora quis. Mas fizemos nossas escolhas. Escolhi outras pessoas. Sim, outras, e ainda continuo a minha busca. Só que você não cabe mais nela.

Trecho do livro "Singularidades Nuas"

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postado por Aleksandra Pereira às 2:25 AM | 1 comentário(s)
segunda-feira, maio 16, 2005
Só para raros
Errado é aquele que fala correto e não vive o que diz.

- Fernando Anitelli, Teatro Mágico

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postado por Aleksandra Pereira às 2:51 PM | 1 comentário(s)
domingo, maio 15, 2005
Singularidades Nuas
- Quem sabe nós dois, altos, trôpegos? Um encontro casual num dos cantos do bar, facilite nosso embate: sexo cheio de desejo, da dor desse desejo, com a desculpa de que podemos esquecer tudo no dia seguinte. Sem culpas sem remorsos. Um "que se dane" para o resto do mundo. Só nós dois. Só nós um.

trecho do livro "Singularidades Nuas"

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postado por Aleksandra Pereira às 10:14 PM | 1 comentário(s)
sábado, maio 14, 2005
:: Interstício ::
- Me conta o que você gosta de fazer na cama?
- Quase tudo.
- Como assim, quase?
- Algumas coisas, poucas, ainda não fiz. Outras, vario de preferência de acordo com os parceiros...
- Sexo oral?
- Gosto. Muito.
- Mais de dar, ou de receber?
- Dar.
- Ah, é? A maioria das mulheres que conheço preferem mais é receber, e reclamam que nós homens nunca sabemos como deixar vocês, loucas.
- E é isso mesmo. Mas eu também fico muito louca fazendo.
- Vai me contar como é?
- Não.
- Me mostrar?
- Não.
- Vai deixar o dito pelo inaudito?
- (...) É uma sensação maravilhosa, louca. O prazer do homem ao perceber minha intenção. A calma forjada, tornando elásticos os segundos. Aquele pau, duro, imponente, arrogante, ser totalmente sobrepujado no calor da minha boca. A preparação, a última visão de um olhar que me implora. Finalmente, a posse.
Os movimentos, os gemidos. Saber que o gozo está por vir, mas tentar retardá-lo, ao ponto de explodir, explodir de um prazer tão intenso, que gozo também, junto. Pelo poder. O poder de ter um homem subjugado e dominado. Do começo, ao gozo. Do êxtase, ao fim. E ao começo.

trecho do livro "Singularidades Nuas"

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postado por Aleksandra Pereira às 4:51 PM | 0 comentário(s)
quarta-feira, maio 11, 2005
Livros que já foram abertos, lidos, tocados são livros que guradam um pouco da sabedoria e da vida daqueles que um dia os tiveram nas mãos.
Somente os livros lidos têm alma.

- Heloísa Seixas , Diário de Perséfone

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postado por Aleksandra Pereira às 9:42 PM | 0 comentário(s)

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