sábado, junho 25, 2005
"Convicções são cárceres"
- Adriana Falcão

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postado por Aleksandra Pereira às 8:49 PM | 0 comentário(s)
sábado, junho 18, 2005
O poema do semelhante
O Deus da parecença
que nos costura em igualdade
que nos papel-carboniza
em sentimento
que nos pluraliza
que nos banaliza
por baixo e por dentro,
foi este Deus que deu
destino aos meus versos,

Foi Ele quem arrancou deles
a roupa de indivíduo
e deu-lhes outra de indivíduo
ainda maior, embora mais justa.

Me assusta e acalma
ser portadora de várias almas
de um só som comum eco
ser reverberante espelho,
semelhante
ser a boca
ser a dona da palavra sem dono
de tanto dono que tem.

Esse Deus sabe que alguém é apenas
o singular da palavra multidão
É mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.

O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.

O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente

Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.

Não fosse a inteligência
da semelhança
seria só o meu amor
seria só a minha dor
bobinha e sem bonança
seria sozinha minha esperança.


Elisa Lucinda, linda.

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postado por Aleksandra Pereira às 3:00 PM | 1 comentário(s)
domingo, junho 12, 2005
"Eu e você usamos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias?
Vazias, sim. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido e valor; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido e valor.
Pensamos que nos entendemos; de fato, não nos entendemos. (…) "

Luigi Pirandello

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postado por Aleksandra Pereira às 11:01 AM | 0 comentário(s)
sábado, junho 11, 2005
- Não. Você não tem idéia do que eu estou passando. Você sempre é feliz no amor, de alguma forma. Porra, eu tenho quase 30 anos. 30 anos. É a primeira vez que desejo entregar meu coração inteiro pra alguém. Antes, o que eu achava que era amor, paixão, não era nada. Nada, comparado ao que sinto agora. Vivi mais emoções com minhas paixões platônicas do que com namorados, noivo, casos. Mas nada, na assim. E eu fugi. Não dele, somente, mas de mim. O que me domina, é o medo. O de não dar certo. E se der, o que fazer para manter. O medo que sinto é muito maior do que eu. É responsabilidade demais nas mãos de alguém que nunca se entregou a um amor antes. Você entregaria sua vida a alguém sem o mínimo de discernimento para cuidar dela? Ele terá que entender. Eu vou falhar, eu sei. É melhor assim.

"Singularidades Nuas"

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postado por Aleksandra Pereira às 4:26 PM | 1 comentário(s)
terça-feira, junho 07, 2005
‘Deus de vez em quando me castiga. Me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra.’

- Adélia Prado.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:23 AM | 1 comentário(s)
segunda-feira, junho 06, 2005
O que fazer quando a inspiração não vem?
Aquela, aquela inspirada diretamente pelas musas e que contamos que nos inserirá no Hall da Fama e do Reconhecimento da História?

E se ela nunca vier, nunca aparecer?
"Você chegou tarde à fila de pedidos de inspiração", lhe dizem Talia e Melpômene.
"Nossa mãe Mnemósine não se lembrou de você".

Você se sente só mais um, dentre tantos, tantos que nem chegaram a tentar. Você continua seguindo em frente nesta fila, a de condenados ao abismo do esquecimento, onde você vê milhares de pagodeiros, dançarinas e atores de um papel só brigando para te puxar para lá e, pisando em seu corpo, tentando galgar o caminho de volta.

O coro trágico anuncia:
"Não percas tempo, ceda a vez à beira do abismo, pule!".

Você, cada vez mais angustiado, pensa em dar um passo para trás.
Impossível. Logo atrás de você já se encontram milhares de pessoas, dentre as quais você distingue algumas que tentaram te pisar durante sua vida. Quiseram o que você queria, mas sem fazer esforço.

Faça um favor a si mesmo: ceda sim seu lugar à boca do abismo.
Deixe que o curso natural da vida encaminhe para lá todos estes que tentam te prejudicar
Mas não venha nunca, a se tornar um deles. Jamais.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:36 AM | 1 comentário(s)
domingo, junho 05, 2005
- Ela vem aqui todos os dias. Sempre fica ali, do lado de fora. Nunca entra.
- É só abrir uma porta.
- E levar nas costas um peso de mais de 20 anos.
- Não é impossível.
- Mas também não é nada fácil.

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postado por Aleksandra Pereira às 6:11 PM | 3 comentário(s)
sábado, junho 04, 2005
"Eu era então um sujeito perseguido pela saudade. Sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranquilamente. Ainda não aprendi. E desconfio que não aprenderei nunca. Pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou. Tudo isso estará sempre junto conosco. Sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau. Apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade. É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entre entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro
tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia da festa."

Pedro Ruan Gutiérrez - Trilogia Suja de Havana

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postado por Aleksandra Pereira às 11:31 PM | 0 comentário(s)
"O doido da garrafa", Adriana Falcão
"Se um viajante numa noite de inverno", Italo Calvino
"A Aldeia", David Mamet
"Imagens de um mundo submerso", Nelson Salazar Marques
"Cenas de um casamento", Ingmar Bergman

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postado por Aleksandra Pereira às 12:45 AM | 1 comentário(s)

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