Quando conta nem ela mesma acredita, mas Anete perdeu seu marido enquanto faziam compras no supermercado. Sim, perdeu. Há dois anos.
O que Anete não soube foi que, enquanto escolhia entre testar ou não uma marca nova de detergente, Durval, o marido perdido, rumava em direção ao perigo que o aguardava em meio às delícias do setor das guloseimas:
Xênia, prestativa demonstradora de biscoitos, um sorriso nos lábios, a mocidade latente e tudo o que Durval queria para ser feliz: 96 de busto, 74 de cintura, 98 de quadril.
A curvilínea prestadora de serviços só precisou lhe dizer: “Vem!”. E ele foi.
Anete ainda assina o sobrenome de Durval – legalmente, ainda é casada. Nunca se sabe, talvez um dia, uma noite, Durval retorne cansado, com seu velho andar pesado, reclamando o jantar na mesa.
Volta, Durval. Hoje a Anete fez Picadinho.
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