Por oito anos, ele a enganou.
Quando estava grávida de sete meses do segundo filho, Rose recebeu um estranho telefonema: Edvaldo, ligando da delegacia, preso por roubar um banco. Um assaltante. Não demonstrava arrependimento, acreditava ser o Robin Hood da Zona Leste.
Ela passa mal, se revolta. Enganada, traída. Odeia Edvaldo com todas as suas forças. Mas também recorda dos momentos bons. Os finais de semana em casa com o pequeno, a horta adorada e tratada com carinho que lhe garantia os aromas do almoço, o cheiro no pescoço quando colava o corpo no seu pra dormir.
Hoje, domingo, o pequeno Vinícius e seu irmão correm com outras crianças, enquanto Rose aguarda a inspeção em sua bolsa, na entrada da Penitenciária, ostentando oito meses de gravidez. Gêmeos. Conversa animada com suas companheiras de fado, pensando que não desejaria estar em outro lugar. Gostaria que Edvaldo estivesse.
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