sexta-feira, novembro 24, 2006
"A Fria"
Após a divertida convocação para a postagem do meu "Sonho Possível", o mais novo pedido do Indível Leo versa sobre o "Meu mico publicável".


Vamos então aos fatos:

Um grande amigo, daqueles que ralam e muito em cada trabalho - e que hoje merecidamente coordena os programas brasileiros no Festival Internacional de Curtas de SP, me convocava sempre como diretora de produção para seus curtas.

Produzi três sob a direção dele, um com outro amigo, e ainda morro de saudades de nossas épocas de total falta de grana, mas de criatividade à mil.

Como diretora de produção do "Último dia", tive que correr atrás de muitas autorizações com a polícia, para podermos filmar nas ruas com tranqüilidade. Algumas cenas que seriam rodadas aconteceriam perto de meu antigo apartamento, na Vila Mariana, então entreguei a documentação do projeto para o Posto da Polícia da Sena Madureira, que me receberam muito educadamente. Autorizações entregues, agora correria para encontrar objetos de cena. O Sr. diretor William, sempre ele, me solicita um item bastante fácil de se encontrar por aí:

uma porta.

A porta que seria usada nas cenas do esconderijo da personagem da Laís.
Pois bem, lá vou eu atrás de uma porta que atendesse as solicitações. E não encontrava nada. Só que, perto de onde eu morava, na Sena Madureira mesmo, existia uma casa onde outrora funcionava uma escola de inglês, que estava vazia mas cheia de trecos na entrada. Passei na frente por acaso, e fiquei de voltar mais tarde.

Taí uma coisa que não deveria ter feito: voltar lá.

Pois é. Mas eu fiz. Deixei as coisas que trazia no caminho em casa, e voltei lá. Aqui sublinho: deixei TUDO em casa, inclusive documentos (crianças, nunca façam uma coisa dessas!), só levando minha chave. Estava lá eu, com minha camiseta da Mostra Internacional de Cinema, subindo as escadarias da casa que antes parecia tão inocente, agora me desperta receios. Olho para os lados, e só vejo pedaços de madeira, papelão e caixas para todos os lados. E nada de porta. Resolvo entrar mais na casa para observar seu interior, quando de repente começo a ouvir barulhos. E então pessoas, uns três ou quatro homens, surgem do nada (do nada não, de debaixo daquela montoeira de papelão e madeira!), e me perguntam o que eu estou fazendo invadindo e mexendo na casa deles.

Gelei.
Começo a recuar, tentando explicar que estava ali a trabalho, que não procurava por ninguém, e pensando "como está longe essa porta de entrada. Seja esperta. Corra enquanto pode". Do lado de fora, escuto carros freando bruscamente, próximo ao local. Meu instinto não sei porque pensou : "é a polícia, ficarei bem". Policiais então entram na casa, nervosos, recolhendo as pessoas que estavam ali escondidas, invadindo aquela casa. Começaram a arrastar TODAS as pessoas, incluindo essa que lhes escreve. Comecei a tentar explicar que não era mendiga (olha o nível da situação!), que estava ali a trabalho, mas a policial que me segurava não queria saber de conversa.

Continuei repetindo minha história, quando, por sorte minha, uns dos policiais presente no local havia me recebido no dia em que deixei as autorizações para as filmagens no posto de trabalho dele. Ele acabou me reconhecendo e confirmando que eu deveria estar ali só a trabalho realmente. Agradeci, corri de volta para casa agradecendo por não ter acontecido nada pior. A porta? Bem, acabei não arranjando porta nenhuma. Por coincidência, ao irmos filmar na casa da Carol, encontramos uma dentro de uma caçamba. Se não fosse por isso, lá estaria eu novamente atrás de uma outra porta. E torcendo para não entrar em outra fria, como aquela de filmar no estacionamento dos mafiosos lá na Treze de Maio.

Mais isso já é outra história...


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postado por Aleksandra Pereira às 7:12 PM |


12 Comentários:


At sexta-feira, novembro 24, 2006 8:13:00 PM, Anonymous Anônimo 

Ahhh... isso foi mais apuro do que mico, Alê! De qualquer forma, ainda bem que você se safou.

Isto me lembrou um dia em que esbofeteei um policial... mas como você disse, isto já é outra história...

Beijo,

At sexta-feira, novembro 24, 2006 8:21:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

É, Leo, mas filmamos muuuito por ali depois disso, e todas as vezes que precisei topar com um policial, eles me lembravam dessa história, sempre. Não dava para manter firma a pose de séria...

Beijo

At sexta-feira, novembro 24, 2006 9:00:00 PM, Blogger Vivien Morgato : 

Menina, adorei, uma aventura tragi-cômica????? Ah, e conta mais sobre essas produções, fiquei super curiosa.bj.

At sexta-feira, novembro 24, 2006 11:37:00 PM, Blogger Machado de Carlos 

É!... Às vezes precisamos das lágrimas... elas nos ajudam a viver...elas burilam a nossa vida!

At sábado, novembro 25, 2006 2:40:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

É, Vivin, foi realmente uma aventura tragi-cômica, mas acabei virando "A moça dos mendigos". Pode?

Beijo

At domingo, novembro 26, 2006 12:22:00 PM, Blogger Marcia 

micaço. mas podia ter sido pior. aliás, o bom do mico é que sempre pode ser pior. :P

At domingo, novembro 26, 2006 8:03:00 PM, Blogger Luiz Felipe Botelho 

História massa! Mas tb acho que foi mais uma fria do que um mico. Fiquei temendo por ti ao longo da narrativa.
Beijo, "moça dos mendigos". :)

At domingo, novembro 26, 2006 9:07:00 PM, Anonymous Anônimo 

Alê, Alê, Alê!!! Ajude-me a passar a bola prá frente. Quem são seus convidados???

Beijo,

At segunda-feira, novembro 27, 2006 5:08:00 PM, Anonymous Anônimo 

Eu já tinha lido essa hist´roia quando a publicou. Mas, eu também não a considero um mico.

At segunda-feira, novembro 27, 2006 5:09:00 PM, Blogger Ivan Da Luz 

E, aproveito para agradecer o carinho de sua visita no novo blog Um Casal Por Todos Os Lados. As portas estão sempre abertas!

At segunda-feira, novembro 27, 2006 6:39:00 PM, Blogger Eu não sei, você sabe? 

Estou visitando os micos do projeto do LÉO!

Nossa mico do medo mesmo! Tenho medo que me pelo desses homens que chegaram depois.



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