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Casamento, Dois, Um. Juras, Cobranças. Casa, Filhos. Tempo. Vaidade. Alice precisa tirar férias da sua vida. Mas como mal podia parar para respirar, deu-se uma mísera tarde a se regalar no shopping, espairecer. De aspecto cansado e descuidado, sua auto-estima nada melhorou ante aquele desfile de mulheres lindas e saradas. E, com uma delas, perdido em curvas moldadas por cirurgiões e academias, o marido Evandro. E o cara-de-pau ainda fez de conta que não a viu.
- Eu não disse que era loira, Evandro.
- Disse.
- Não disse, não.
- (...) Bom: loira ou morena, não era eu.
- Era, Evandro. A mão que escorregava nos cabelos tingidos dela usava essa mesma pulseirinha que a Eva te deu e fez prometer não tirar. Eva. Nossa filha, tá lembrado?
- Tá bom. (...) Era eu. Mas era uma reunião, de negócios.
- Sei. E quais você anda fechando? Importação e exportação? Contou prá loira que já possui acordo com outro país?
- Você entendeu tudo errado, Alice...
- Quieto, Evandro! Chega. São doze anos, Evandro! Doze anos de mentiras!
- Eu não tô mentindo, Alice. Olha, eu juro por...
- Se jurar por nossos filhos de novo, eu te mato!
- Calma, vem aqui, meu bem...
- Me larga, Evandro! Traidor, você mente tanto, tanto, que já não sei mais o que é verdade é o que é mentira em você!
- Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano!
- Mas é mentiroso!
- É tudo a mesma coisa, mulher!
- Então já que é tudo a mesma coisa, volta lá prá tua lorôna e pede prá ela fazer o teu jantar, que eu cansei.
Vomitando a alma, Alice fez sua mala e a dos filhos, tomando o caminho para a casa dos pais. Chorou até secar. E como a maioria das mulheres que se vêem sozinhas ao fim de um relacionamento, reassumiu sua vida e seguiu em frente.
Mas ainda lhe incomodava lembrar a traição do marido. Após anos jogados fora, só deixá-lo era pouco. Faltava ainda o golpe final: raspou a conta conjunta poupada há anos e investiu em uma bela repaginada. Roupas, sapatos, cabelos, cabeça. Nunca ficara tão feliz em ver Evandro duro.
E quando o próprio resolveu tirar satisfações esperava encontrá-la na pior, mas estava ainda mais bonita que no início do casamento. Ele então tentou de tudo: desculpas, serenatas, flores.
Alice o recebeu de volta. Foi a melhor esposa, a mais devotada mãe, a mais fogosa amante. Até Evandro receber misteriosas cartas, estranhos telefonemas. Alguém, um amigo preocupado, o avisava da traição da mulher.
Evandro não mais dormia ou comia direito. Vigiava Alice nos mais íntimos momentos, estudava cada mínima mudança. Nada.
Decidiu não ligar para as denúncias de infidelidade e seguir feliz. Mas um engarrafamento na Marginal o tirou do caminho habitual e não pôde evitar ver sua mulher em um carro saído de um motel, a mão nos cabelos ainda úmidos e o melhor sorriso para um homem que não era ele.
Tesourando o tráfego, Evandro volta para casa, espumando. Uma hora depois é Alice quem chega com filhos e mochilas, sua esposa no melhor momento de mãe exemplar. Reprimindo a raiva, Evandro a questiona, acusa, aponta. Esperava que Alice chorasse ou ajoelhasse pedindo perdão, mas ela nada rebate. Confuso, ele quer respostas. Precisa delas.
- Era você, Alice, com outro, saindo do motel?
- Era.
- Fala assim como se não fosse nada, sem nenhuma consideração?
- A mesma que teve por mim, no shopping, cheirando o cabelo daquela loira vagabunda?
- Alice! Você ainda não esqueceu daquilo? Foi um erro, meu bem, eu nem me lembrava mais. E você me perdoou, não perdoou?
- Perdoei.
- E então? Prá quê isso agora?
- (...) Crime de amor não prescreve.
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