sexta-feira, janeiro 12, 2007
É melhor prevenir...
O post, mais do que uma necessidade de comentar sobre o assunto, surgiu através da querida Denise, do Sturm und Drang!, em uma convocação urgente e importante sobre aquecimento global, efeito estufa e outras besteiras que andamos fazendo com nosso planetinha.

Tenho uma "piada interna" com meu pai, sobre água. Meu pai tem mania de deixar torneira aberta escoando, escoando, escoando. Me dá desespero. Pego no pé dele como se fosse criança. Uso todos os argumentos possíveis, mas volta e meia ele esquece, e lá estou eu puxando sua orelha.

Meu pai tem 58 anos, não é velho. Sempre que ouve falar de calamidades futuras, internamente pensa "não estarei mais aqui". Não sei se ele já perdeu a esperança nas filhas e desistiu de aguardar netos, bisnetos e a continuidade dos Pereiras, mas o que acontecer depois de sua passagem, não lhe diz respeito.

Já usei até argumentos espiritualistas para convencê-lo: quem garante que, na próxima encarnação, não estará ele aqui mesmo, sofrendo por falta de água, seca, porque sua existência anterior não quis colaborar com o planeta? - Esse pensamento pode soar estranho para quem não acredita em reencarnação, mas amigos, eu acredito, e digo isso com seriedade.


Mas mesmo para quem não acredita, desperdiçar recursos naturais é um ato egoísta. Exponho aqui a opinião do meu pai, que vejo mudar (amém!) com o tempo, por saber que é a posição de muita gente, ainda que de forma não declarada.


Eu moro em apartamento, com diversas células familiares por perto. Não é difícil adivinhar posturas, estudar hábitos. Não se vê praticamente ninguém selecionando com responsabilidade lixo limpo do orgânico, material que pode ajudar milhares de famílias carentes e ainda diminuir a quantidade de entulhos. E toda a água desperdiçada na lavagem dos prédios, aquela mangueirinha preguiçosa empurrando folhinha caída?

Não significa que o que está por aí de graça possa ser arrancado, queimado, asfaltado, extinto. Quem achou que poderia pintar e bordar agora, e que os sintomas da doença demorariam a aparecer, dançou. Os dias estão cada vez mais quentes, a própria dona natureza anda confusa e achando que as estações puf!, surtaram. São chuvas torrenciais que invadem casas, escolas, destroem e adoecem, enquanto em outras paragens é a seca que impera, tirando o alimento de quem quase não tem. E ainda: emissão de gases, derretimento de geleiras, propagação de insetos transmissores de doenças infecciosas...

Esse panorama não é novo, só vem piorando.


Uma esperança?

Um estudo apresentado por Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, a pedido do governo britânico, destaca os possíveis impactos do aquecimento global sobre a economia. Nada menos que 700 páginas onde Stern defende que combater o efeito estufa é a coisa mais inteligente a ser feita do ponto de vista econômico.

Para o autor, a única forma de tornar isso realidade seria uma grande aliança internacional em torno do mesmo objetivo, com ações efetivas inclusive de países mais pobres, contando também com uma ampla cooperação tecnológica entre todas as nações.


O envolvimento de todos é óbvio e fundamental. Talvez agora, falando em termos econômicos, a coisa ande. Falar de lucro e prejuízo mexe com as pessoas.

Faça a sua parte

É preciso ouvir a sabedoria popular, minha gente. É melhor mesmo prevenir do que remediar. A resposta e os sintomas mais graves dessas doenças podem vir em dez anos, cinco, um. Amanhã. E se você ainda estiver por aqui, azar.


arte de Clay Bennett

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postado por Aleksandra Pereira às 6:34 PM |


14 Comentários:


At sexta-feira, janeiro 12, 2007 9:02:00 PM, Anonymous Anônimo 

É, Lelê.
O mais chato de tudo isso é saber que somos nós os vilões dessa tragédia, esquecemos de pensar que, morrendo o palco, não existirá mais espaço para as personagens.


beijo

At sábado, janeiro 13, 2007 12:01:00 AM, Anonymous Anônimo 

Minha querida,
Obrigada, seu post é bem franco , direto e realista. É claro que o problema tem de ser em âmbito internacional, e a gente precisa torcer pras grandes potências entrarem nessa luta.
valeu, menina
beijo, menina

At sábado, janeiro 13, 2007 12:32:00 AM, Blogger Luiz Felipe Botelho 

Me identifiquei muito com teu post, Alê. Lá em Recife eu tinha o habito de fazer coleta seletiva de lixo e de só ligar o chuveiro ou a pia para remover o sabão. Mas o lixo orgânico eu sabia que, quando chegasse no carro do lixo, iria se misturar com tudo o que estaria ali. Quanto à água, usaram tanto a água do poço no prédio em que eu morava que ele acabou salinizando. Esses poços tem um limite de uso diário, senão eles se deterioram.

Sei que algumas pessoas até que têm consciência dos problemas ecológicos do planeta, mas, como teu pai, parecem inertes, apáticas diante do que poderiam fazer e não fazem.

Felizmente pretendo insistir fazendo minha parte. Não dá para me enganar mais. Sou responsável pelo mundo também.

Beijão

At sábado, janeiro 13, 2007 12:44:00 AM, Anonymous Anônimo 

Alê, aproveitei a indicação do relatório do Nicholas Stern e fiz um post sobre o mesmo, tá.
beijo, menina

At sábado, janeiro 13, 2007 1:02:00 AM, Blogger Vivien Morgato : 

Alek, seu post foi um otimo puxao de orelha pra mim.Preciso rever muitos habitos.beijos.

At domingo, janeiro 14, 2007 1:17:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

E uma outra coisa que brigo por aqui Lipe, é a questão do olho de cozinha. A maneira antiga é despejar pelo ralo da pia, e o passo seguinte já não é da conta.

Só que ninguém orienta o certo de se fazer. Rolava por aqui na net um texto indicando a Sabesp como fonte, que orientava reunir o óleo em garrafas PET e depois colocá-los junto com o lixo orgânico para que ele seja tratado juntamente com o chorume, o líquido originado da decomposição das substâncias orgânicas presentes no lixo. Mas se o mesmo vai para os lixões, e sabemos que uma garrafa de plástico demora para se decompor na natureza, o que fazer? Não são em todas as partes do país que a água recebe o devido tratamento nas Estações, então jogar para o esgoto também não é alternativa.


Se alguém souber de empresas ou comunidades/cooperativas daqui da região que reciclam óleo fazendo sabão, me avisem, estou procurando.

Beijo

At domingo, janeiro 14, 2007 1:22:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

Denise, minha querida,
li seu post. Li até um comentário que recebeste nas respostas, uma crítica ao relatório pela sugestão que Stern faz nas propostas de eficiência energética.

Acredito que, independente de onde venha a proposta, será criticada. Não citei o Stern como dono absoluto da verdade, mas é um dos caminhos. O que importa é que algo urgente deve ser feito.

Beijo. Vou lá no Faça a sua parte!

At domingo, janeiro 14, 2007 1:26:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

isso mesmo, Vivien!
Precisamos descobrir o que cada um pode fazer para melhorar o planeta: economizar no uso de energia, deixar o carro em casa de vez em quando, fechar a torneira na hora de escovar os dentes ou mesmo o chuveiro enqaunto se ensaboa, procurar usar pouco detergente e priorizar os biodegradáveis, desligar mais cedo o ar condicionado...

Não somos ecochatos, mas tá na hora de botar ordem na casa, antes que ela se volte de vez contra nós.

beijo

At segunda-feira, janeiro 15, 2007 2:07:00 AM, Blogger Luiz Felipe Botelho 

Ah, Alê, nem fale.
Maior dificuldade de localizar os lugares adequados também para descartar baterias (alcalinas ou não), saco plástico de supermercado (ninguém quer reciclar aquilo?), fraldas descartáveis, embalagens de leite longa vida, etc.
Mas te confesso que o que me dá mais dó é jogar bagaços e cascas de frutas e verduras no lixo, sabendo que isso poderia no mínimo virar ração pra bicho (nas casas do interior isso vai para os porcos, cabritos, patos, galinhas) ou então adubo.
Bom, vamos adiante. Quem sabe a gente tb não ajude a solucionar essas coisas dentro da nossa esfera de atuação.
Beijo

At segunda-feira, janeiro 15, 2007 2:31:00 PM, Blogger Telejornalismo Fabico 

*


eu separado fanaticamente lixo seco, ando no escuro e não passo roupa, não uso aerossóis, evito xampus e sabontes, uso verso de folha em branco como rascunho.

mas não abro mão de um um banho muuuuuuuuuuuuuitodemorado com muuuuuuuuuuuuuuuita água.

os pilantras que quem não não fazem nada que poupem água por mim.

:p


*

At segunda-feira, janeiro 15, 2007 3:35:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

Ah, Sean, eu adoro água, e também amaria poder me entregar aos banhos longos de chuveiro, mas não consigo. Me lembro sempre de que preciso fazer minha parte, e devo começar levando a sério o que eu prego, mesmo que precise abrir mão dessa delícia.

Mas aí eu compenso num banho de mar, água farta, pra voltar para casa com o balanço das ondas no corpo (só não podemos esquecer de também garantir a limpeza das praias, of course).

Beijo.

At terça-feira, janeiro 16, 2007 2:17:00 PM, Anonymous Anônimo 

Feche a torneirinha, feche, meu amor...

At quinta-feira, janeiro 18, 2007 2:29:00 PM, Blogger Andréa 

Eh desesperador pensar na quantidade de lixo que produzimos diariamente e na impossibilidade de mudar a cabeca das pessoas quanto a mudanca de habitos e rotinas ja estabelecidos e arraigados. Eh triste e eu nao tenho esperancas, pra ser honesta contigo. Eu me preocupo com as futuras geracoes e fico cada dia mais estarrecida com o mundo (digo, os humanos). Acabo acreditando que o melhor que posso fazer por meus filhos eh nao te-los.

At sexta-feira, janeiro 19, 2007 9:45:00 PM, Anonymous Anônimo 

Eu simplesmente acho que é isso mesmo. O ser humano só liga para uma coisa, parece, quando ela lhe parece fazer mal - ao bolso, ao momento presente, coisa e tal. É um egoísmo tal... Só sei que nosso planeta, e nós mesmos, estamos caminhando para um abismo sem volta - já posso dizer. Mas, digo, a gente tem que acreditar e fazer algo, não dá para continuar assim. Não, não dá! Acho que falando de dinheiro talvez a coisa melhore - ah, sim, se passar alguma coisa na rede Globo de televisão já será um grande passo também.


Gostei de sua página. VOlto para ler contos, devaneios, manifestos e aspirações por lágrimas lavadas.

Abraço, Aleksandra. Boa sorte na luta de todos nós,

Seth.



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