Mal se olharam, trocaram poucas palavras – sinais suficientes de reconhecimento. Ele amou a pinta que Cristina guarda no canto da boca; já ela, ela o amou por ele ser eles mesmo, e isso bastava.
Fim de festa, as famílias se despedem, os apaixonados protestam a separação. Mas nada os impediria de ficarem juntos, nem mesmo os dois mil quilômetros que os distanciariam. Juraram amor eterno; um último toque, e a promessa de que não se esqueceriam.
A viagem de ônibus na volta para casa entristecia Evandro, perto em pensamento, mas longe fisicamente da amada. Chateado, vestia ainda a roupa de pirata, agora sem tapa-olho, espada, sem brilho, um pirata sem pilhagens cintilantes, nem fortuna acumulada.
Hoje a velha fantasia não serve mais, nem mesmo no filho mais novo de Evandro e Leila, já avós. As festas de Carnaval são agora acompanhadas pela TV, tranqüilas e em família. Mas em suas lembranças, Evandro busca, sempre, a imagem daquela pequena bailarina.
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