- Quem?
- Fernando. Nosso meio-irmão. Nunca procurou vocês, nunca quis saber como era o restante da família?
- Não sei. Acho que não. Vai ver nem sabe de nós, do jeito que conheço nosso pai...
- Não é mesmo difícil. (...) Mas você nunca ficou curiosa em saber como ele é, depois de todos esses anos?
- Não mesmo. Por mais que eu saiba que ele não tem culpa pelos erros do pai, olhar pra ele me faria sempre lembrar de tudo, que ele mesmo sem querer tem parte na separação de nossa família.
- ...
- Tá legal.
- O quê?
- É claro que eu penso nele. Todos os dias. Sabe de uma coisa que eu faço sempre que saio na rua? Fico olhando os caras com mais ou menos a nossa idade, vendo se reconheço neles alguma semelhança com o papai. Acho que no fundo o que procuro mesmo é me reconhecer neles.
- Procurando respostas?
- É. Pode ser. Muita coisa deixou de ser dita.
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