- Clara, me deixa em paz, por favor, e pára de falar tanta besteira.
- Besteira? Besteira, Alberto? Só tô te pedindo prá pensar um pouco em mim. Em nós dois.
- Não estamos aqui, juntos? Te trouxe do Rio comigo, só pra conhecer meus pais!?!
- Ficou foi com medo de enfrentar o passado sozinho, mas sai e me deixa aqui, sozinha, desolada.
- Eu... Eu ainda não sei o que estou fazendo aqui, Clara, estou confuso.
- Não, Alberto, você É confuso. Não sabe quem é, o que quer, o que faz aqui, o que eu represento pra você. O que, aliás, deve ser muito pouco pelo modo que vem me tratando.
- Isso não é verdade.
- Sério? Então me diz, quando foi a última vez que realmente olhou pra mim? Nem agora consegue me olhar nos olhos.
- Não faz assim.
- Assim, como? Jogando a verdade na tua cara?
- Chega, Clara. Não quero mais falar sobre isso.
- Só que esse "isso" é a nossa vida juntos, Alberto. Sobre você não dar a mínima por minha vida, meus desejos e vontades. Sequer se lembra do que realmente é importante prá mim.
- Isso tudo é por ter esquecido teu aniversário? Eu já me desculpei, Clara...
- Presentes caros? Cartões com palavras de amor pré-impressas assinados pela tua assistente não contam, Alberto!
- Clara!
- Sem pensar muito, há quanto tempo estamos juntos?
- Meu bem...
- Sete, sete anos. E qual é a data do meu aniversário?
- Meu amor...
- Resposta errada.
- Volta aqui. Clara, volta aqui. (...) 30 de setembro. Teu aniversário é 30 de setembro. Clara!
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