quinta-feira, dezembro 14, 2006
Vistitando o "A casa da mãe Joana", da Vivien, me bateu uma saudade tão grande do meu avô. Tem um ano que ele não está mais entre nós, e tudo ainda é muito recente, principalmente para minha avó.

Temos a ambição de marcar as pessoas, principalmente as mais próximas, com grandes feitos. O tempo passa, e percebo que as que mais me marcaram foram as que praticaram pequenas e importantes ações ao longo da vida. Como meu avô, Miguel Pedro.


"Seu Miguel", como era conhecido, foi um homem do campo, da roça mesmo, incansável trabalhador. Nos seus últimos dias continuava levantando cedo, a procurar por sua eterna companheira, a enxada.

Outra grande companheira foi Dona Jovelina. Graças a Deus ainda conosco, mas saudosa de seu parceiro na vida, pai de seus doze filhos, educador dos cinco que sobreviveram à fome e outras mazelas de uma vida tão severina.

Seu Miguel pouco conheceu dos netos, morando longe. Nós, ainda crianças ao visitá-lo, conhecíamos um avô mais doce do que foi como pai, mas ainda reservado.

Debaixo de frondosas mangueiras, cajueiros, pitangueiras, um avô que nos montava em bois e cavalos para que conhecêssemos a extensão de seus terrenos, conquistados com valoroso suor.

No mesmo período em que levou Ronald Golias e o eterno "Agente 86" Don Adams, Deus chamou também Seu Miguel, guardando consigo pessoas sérias em fazer rir, e um homem simples que pouco ria perante a dureza da vida.

Um homem pequenino, de pele curtida sol a sol, que quinze anos atrás se despediu de mim na Rodoviária de Natal me chamando num canto, a desejar boa viagem. Me deu sua benção e de sua mão uma bem enrolada nota de 5 cruzeiros, com a recomendação de ser para sempre feliz e que respeitasse meus pais.

Muito tempo depois, descobri que meu avô havia feito o mesmo com minha irmã, mas a verdade não diminuiu em nada seu mérito.


Miguel Pedro, homem de bem,
avô sem ressalvas.


Deixa saudades, e a certeza de que, onde estiver, está em Paz, olhando por nós.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:51 AM |


6 Comentários:


At quinta-feira, dezembro 14, 2006 2:24:00 PM, Anonymous Anônimo 

Alê, percebo que este tema da saudade dos queridos que se foram tem sido constante ultimamente, e esta consciência de que somo mortais nos leva a refletir melhor sobre nossa vida aqui neste mundo,
beijo, menina

At quinta-feira, dezembro 14, 2006 2:30:00 PM, Blogger Aleksandra Pereira 

É, Denise, é doído para quem fica, mas faz mesmo parte dessa experiência que é a vida. Só espero que, ao chegar a minha vez, tenha pelo menos contribuído com alguma coisa boa para o mundo, para os meus.

Beijos.

At quinta-feira, dezembro 14, 2006 6:17:00 PM, Anonymous Anônimo 

Alê,

Lembrança boa de um bom vô. :)

At sexta-feira, dezembro 15, 2006 6:37:00 PM, Blogger Unknown 

Também tenho doces lembranças do meus avós...
A vida foi generosa comigo e me presenteou com pessoas maravilhosas...
Também me comovo vendo meu pai sendo um avô excepcional para meus filhos...
Carinho que faz bem pra alma e nos torna pessoas melhores...

At sábado, dezembro 16, 2006 11:46:00 AM, Blogger Telejornalismo Fabico 

*


concordo contigo: são os detalhes que nos pegam, são esse pequenos gestos, esses pequenos momentos que ficam impressos na memória e na maneira de sentir.
e quando a gente olha pra trás, percebe o quanto eles foram grandes.



*

At terça-feira, dezembro 19, 2006 6:01:00 PM, Blogger Luiz Felipe Botelho 

Vô e Vó são dessas pessoas preciosas que preenchem a gente tanto na presença quanto na lembrança.
Apesar de toda saudade, é um tesouro sem preço que não se perde nunca mais, dentro da gente, pode crer.
Beijo grande



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