quarta-feira, março 28, 2007
Voltamos a apresentar...
Já de volta.
 
postado por Aleksandra Pereira às 7:18 AM | 2 comentário(s)
quarta-feira, março 21, 2007
Pausa
Caríssimos,
o blog entrará em um breve período de hibernação, pois ontem meu querido PC morreu. Sorte que tinha backup de tudo e mantenho os arquivos, mas até o conserto, as coisas andarão mais devagar. Estou numa Lan respondendo as importâncias e urgências e vou retornando na medida do possível.
Beijo procêis.
Para qualquer coisa, email.
 
postado por Aleksandra Pereira às 1:12 PM | 9 comentário(s)
segunda-feira, março 19, 2007
AMIGO EM NOVO ENDEREÇO
 
postado por Aleksandra Pereira às 12:00 PM | 0 comentário(s)
segunda-feira, março 12, 2007
CONCURSO "ENCAIXE A FRASE" REVISTA PIAUÍ

frase:

"Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo"

Os textos aprovados pela redação são postados no site da revista. O melhor, impresso na próxima edição. Lembrando sempre de enviar o conto antes do dia 20, com até 3200 caracteres (espaços inclusos).



FALANDO PELOS COTOVELOS (DO BONECO)

- Não vou tolerar esse tipo de agressão, ainda mais levando em conta que meu tio é ventríloquo!
- Mas é o que eu estou dizendo, Jonas, o cara não tem coragem de se expressar e usa um bonequinho para dizer coisas que não pode dizer ele mesmo!
- Você é que não consegue enxergar a responsabilidade desse trabalho, Ana!
- Responsabilidade é sentar um boneco de pau no colo e sair metralhando besteiras, injúrias e tiras pseudo-engraçadas por todos os lados?
- Ele também fala sobre coisas úteis como criticar o estado atual do governo, os esquemas corruptos...
- Fazendo graça de coisas sérias, retalhando o mundo em piadas com as manchetes do Jornal Nacional? Me poupe, Jonas, que eu já cansei dessa conversa. Me dá a minha bolsa que eu vou embora!
(...)
- Ana? No show de ontem. Ele disse como achava você bonita.
- Foi?
- E como eu teria sorte em me casar com uma garota bacana e inteligente como você.
- Mesmo?
- Mas meu tio só faz metralhar besteiras, injúrias e tiras pseudo-engraçadas por todos os lados...
- Não, não é bem assim... Jonas! Jonas? Volta aqui, Jonas! Jonas, eu já te disse que até acho o boneco bonitinho? Jonas!


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postado por Aleksandra Pereira às 9:46 AM | 3 comentário(s)
quinta-feira, março 08, 2007
GUERRA & PAZ - Obsessão
Só a paz e o silêncio o fazem ordenar o caos de seus pensamentos. Maurício tranca-se em seu pequeno e improvisado estúdio, longe de Fabiana, Betina, Maura, as constantes e ruidosas mulheres de sua vida, e preenche seu tempo pintando tantas outras.

Crítico ferrenho de si mesmo, Maurício não exibe suas telas já prontas, empilhando-as no closet estreito. Não por temer ser criticado por seu talento artístico (ou falta dele) mas pela escolha de seus temas. Não só imagens de mulheres, não somente mulheres quaisquer. Uma só mulher. E dela, seu detalhe mais saboroso e carregado de significado para nosso pintor suspirante: a nuca.

A nuca de Leila.

A obsessão é antiga. Foi com Leila o primeiro beijo, ansiado, oferecido e roubado na última fileira dos bancos da missa dominical. O segundo levou 1 semana - suas mulheres desde sempre já eram manhosas, manipuladoras - e lhe custou suas 3 mais queridas figurinhas, que nas mãos da nova dona logo foram parar no lixo - puro capricho.

Um tempo depois Leila não mais lhe quis. Nas missas, procurava sentar-se duas fileiras à frente, rígida, concentrada. O cabelo preso num alto rabo de cavalo exibia a alva nuca, perfeita, a que perseguiria Maurício pela vida adentro.

Leila o ignorava tão firmemente naqueles encontros de domingo que Maurício chegou a pensar que aqueles beijos lhe custaram muito caro e que, por castigo, havia perdido Leila para Deus.

A perdera mesmo para Luís Márcio, o chefe de classe da 4ª série e que, além da garota, ficara também com suas estimadas figurinhas.

O tempo os afastou de vez. Novas cidades, novos romances. Maurício conheceu outras garotas, namorou - e muito, encontrou a nossa Fabiana. Mas, por mais que se esforçasse em sossegar, havia sempre uma nuca que o tirava do sério, o desviava do caminho, o fazia perder o ônibus, o metrô.

Atrás daquela nuca cruzou bairros, a procurou no carnaval de Salvador, na estada em São Tomé, nas visitas ao Playcenter com o sobrinho. Buscava conforto, um acordo com o passado - e um tantinho de revanche. Ao mesmo tempo que esperava encontrá-la como em seus devaneios, a versão carnuda e amadurecida da dona dos grandes olhos e longos cabelos, no fundo preparava-se para o pior: que ela estivesse carnuda, amadurecida e feliz.

Ele pensa em desistir, mas não consegue. É mais forte do que ele, ou pelo menos até Fabiana descobrir o que ele realmente faz por horas trancado naquele quartinho. Enquanto isso, Maurício continua a caça à sua alva Moby Dick envolta em lembranças, desejos e mistério.



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postado por Aleksandra Pereira às 3:10 PM | 7 comentário(s)
terça-feira, março 06, 2007
“QUEM TEM MEDO DO HOMEM DO SACO?”
Ele caminhava devagar, tranqüilo, alheio aos xingamentos e gracinhas que sua passagem provocava. Todos os dias o mesmo percurso, o parquinho do fim da rua, onde abraçava ou mesmo subia em uma das árvores, e lá ficava horas falando sozinho. Arrastava de volta o corpo magro e frágil, quase transparente, levando sempre junto ao corpo um velho e puído saco, que nunca largava por nada.

Nós éramos crianças saudáveis, bagunceiras. Uma ocasião, curiosos, armamos uma travessura para lhe arrancar o volume, mas em vão: parecia guardar ali algo de valor maior que a própria vida. Ele me dava medo e me fascinava na mesma medida.

Por anos tentamos desvendar seu mistério. Chamado de “O Homem do Saco”, acabou mais conhecido e requisitado que o Bicho Papão, pelo menos aqui na cidade: “Menino, come logo essa comida, senão o Homem do Saco vem aqui pra te pegar!”, “Soube que o Homem do Saco adora comer criancinhas que não fazem a lição de casa. Daquelas que não tomam remédio, então, ele até lambe os beiços”. Era engraçado vermos nossos irmãos mais novos se escondendo dele, imaginando quantas crianças já escorregaram para dentro daquele saco.

Cresci mais um pouco, mudei, casei, tive um filho. Ralhando com ele durante o almoço me lembrei, depois de tanto tempo, de usar a velha “tática do medo”:

- Come, André, senão papai vai chamar o Homem do Saco!
- Então chama!, ele respondeu, desafiador e despenteado, do alto dos seus quatro anos.

(Criança acostumada com super-heróis japoneses e videogames não cai mesmo em qualquer coisa).

Passei o resto do dia pensando naquele homem. Onde estaria, se ainda andava pelas ruas. Quem era. Estranho como ainda é uma pessoa tão marcante em minha mente, e eu sequer soube seu nome ou ouvi sua voz.

Voltei ao meu antigo bairro, colégio. Ao meu passado. Revi velhos amigos, desafetos, amores. Cada um me fornecendo uma peça diferente para me levar àquele mito de infância.

E foi no Cemitério da Luz Divina que o conheci, um homem com nome e sobrenome: Leôncio José Gonçalves. Foi como se pudesse vê-lo de novo, do jeito que me lembrava dele: com seu velho e puído saco, que descobri cheio com suas lembranças e fotografias, medalhas e bilhetes, com o que de mais feliz e precioso quis guardar de sua vida, recordações divididas somente com as árvores do meu parquinho, guardiãs de seus segredos.

Cheguei em casa arrasado. Parecia que havia perdido não só a chance de ter conhecido personalidade tão rica, mas também a chave para o equilíbrio de todo o universo.

Abracei meu filho, desliguei a TV, e a partir daquele dia, todos os contos de ninar incluíam a presença de um senhor sereno e bondoso, que carregava em um saco histórias de toda uma vida.

* obra de Quint Buchholz

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postado por Aleksandra Pereira às 8:56 AM | 6 comentário(s)

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