sexta-feira, dezembro 29, 2006
A VIDA É BOA E CHEIA DE POSSIBILIDADES

Queridíssimos,

que esse novo ano traga a esperança em um futuro melhor e mais feliz.

Bastante Amor, beijo na boca e cafuné.
Muito Chico Buarque,
Billie Holiday, Solomon Burke, Guimarães Rosa
e Veríssimos, Marina Colasanti, Beatles, Eric Clapton, Velvet Underground e Rollings Stones.

Tudo de Shakespeare, Machado, Saramago, Affonso Romano, Calvino e Pirandello, acompanhados por doses de Norah Jones, Police, Ella Fitzgerald e Nina Simone, Caymmis e Bob Dylan, sempre Bob Dylan.

Enfim, beijos e abraços, tudo de bom, para todos vocês,
para todos nós, e

...Feliz 2007!


Aleksandra Pereira


Obs.: essa é minha lista de bons sentimentos, livros e músicas. Sugira filmes, outros autores ou cantores. Mande a sua para alguém também.





Inagaki, querido, adotei de vez o seu mantra ;-)
 
postado por Aleksandra Pereira às 5:16 PM | 16 comentário(s)
quarta-feira, dezembro 27, 2006
AMIGO SECRETO
Final de ano, festas. As pessoas ficam mais contentes, abertas, solidárias. Uma efusão de “Bom dia!”, “por favor”, “obrigada”. Nos escritórios, listas com pedidos são montadas e é declarada aberta a temporada do “Amigo Secreto”, ou “Amigo oculto”, como preferir.

Só o nome já incomodava Érica. Não gostava de saber ter algo, alguém, secretamente oculto - parecia um tanto proibido. E se expor em uma lista, sendo obrigada a dizer o que deseja ou o que quer ganhar, chamava demais a atenção para si, coisa que nunca gostava.

Érica nunca sabia o que pedir, era sempre a última a informar seu gosto, para azar dos que a sorteavam. Acabava escolhendo coisas simples, miudezas. Mas na hora de presentear era bem diferente: se o amigo pedisse um CD de um cantor, recebia uma coleção completa. Uma bolsa? Não sem a sandália combinando. A pequena se desdobrava pesquisando a vida de seu amigo especial, seus gostos e preferências.

Reservada e discreta, Érica não guardava amigos, cultivava uma colcha de retalhos: o sorriso de um, o gosto para vinhos de outro, o orgulho de uma mãe por seu filho. Pedaços de outras vidas para formar a companhia ideal. Não que Érica fosse muito exigente. Só queria alguém fiel, carinhoso, que fizesse tudo para lhe agradar e não pedisse muito em troca. Podia ser um amigo, um amor. Ou um cachorro.

Respirou fundo, entregou pra Deus, e resolveu entrar no clima da brincadeira. Não custaria muito se divertir um pouco, para variar. Sorteou Jorge, um dos dois estagiários do departamento financeiro. Alto, magro, falante e canhoto, era tudo o que Érica sabia. Foi olhar o pedido do amigo: em branco.

“Mas que pessoa é essa que demora tanto prá escolher o quer? Que indecisão!”

Passou a avaliar o estagiário: qual tipo de caneta preferia, as músicas que cantarolava, para qual tipo de mulher olhava. Sim, porque através delas poderia adivinhar alguma coisa. Mas Jorge não lhe dava pistas, e ela não conseguia descobrir nada útil.

Érica se aproximou de Merival, o outro estagiário. Não era amigo de Jorge, mas poderia lhe ajudar. Ela não queria dar bandeira e entregar quem era seu amigo oculto, e inventou uma história onde Janete, a secretária da diretoria, estava interessada no rapaz. Envergonhada, Janete pedira a Érica que lhe ajudasse na empreitada.

Merival concordou prontamente em ajudar. Um rapaz falante, pequeno, precocemente careca e, o que Érica descobriu depois, de gosto literário duvidoso: escolhera o livro “Revelando - para quem não descobriu – o Código da Vinci”.

- Você leu o original, o da polêmica?
- Não. Achei que, como esse promete explicar tudo, fosse mais fácil entender toda a confusão.
- Ah.

“Isso que dá tentar puxar assunto.”

Merival apurou, e descobriu que Jorge balançava entre o CD duplo especial do Chico Buarque e o livro “Machado de Assis - um gênio brasileiro”, biografia do bruxo do Cosme Velho escrita por Daniel Piza.

“Que gosto, que refinamento!”

Érica passou a olhar Jorge com outros olhos. E tanto olhou, que ele a percebeu, e passaram a se cumprimentar com mais freqüência. Jorge, sempre que a via, sorria. Já Érica, interessada, passou a gastar mais tempo decidindo qual roupa usar no trabalho. As pessoas reparavam, comentavam, e Érica exultava.

E como sabia das preferências de Jorge, não pensou duas vezes: comprou o CD do Chico E a biografia do Machado. Fez um embrulho caprichado, e esperou.

Passaram-se os dias, chegando enfim o do evento tão aguardado.

17 horas. Embrulhos nas sacolas, ao lado das mesas, todos alvoroçados, ansiosos.

Expediente acabando, a 1 hora mais comprida da vida de Érica. Imaginava o instante em que seria chamada, receberia seu presente (“Meu Deus, o que foi que eu pedi mesmo?”). Tentaria manter a calma e diria alguma coisa engraçada para descrever Jorge, que faria cara de assustado, levantaria e iria ao seu encontro. Um abraço, talvez um beijo. Dois. Todos olhando, alguns se dando conta que eles faziam um casal tão bonito...

Merival passou com um aceno e um sorriso, mas Érica nem viu. Viu sim, mas estava prestando atenção no fundo do andar, a sala do refeitório.

“Mas, e se Jorge me pegou? Seria o desfecho perfeito, a deixa para um convite até sua casa, ouvir o Chico, quem sabe lermos juntos alguns trechos da biografia...”.

Hora da festinha.

Alguns colegas beberam escondidos e se encontravam um tanto altos, esquentando a reunião. Zulmira, dos Recursos Humanos, pede silêncio e o primeiro voluntário, o amigo ou amiga que abrisse a rodada. Ninguém se prontifica, só trocam olhares e risinhos abafados. Érica ferve, não cabendo em si de ansiedade e, num pulo, levanta e se anuncia. No mesmo momento o arrependimento bateu, mas era tarde. Respirou fundo, firmou as pernas, e começou.

Recordando esse dia, Érica não faz idéia do que e por quanto tempo falou. Jorge levantou, tomou o presente, lhe deu um aperto de mão e partiu para enunciar seu sorteado. A desilusão de Érica foi tamanha, que se sentiu encolhendo e sumindo de frustração. Sentou no seu canto, amargurando aguardar sua vez antes de desaparecer.

Ainda teve que ver Jorge colado ao pescoço de Janete. Merival comentou o que Érica lhe contara, e Jorge resolveu investir na secretária. Com sucesso, para desespero de Érica, que inventara a história toda.

Os amigos foram aclarados, um a um. Chegara para a Érica a hora de descobrir quem ficara com a enfadonha tarefa de presenteá-la. Um envergonhado Merival se anuncia, tendo que ir até a cadeira de Érica lhe entregar os presentes, já que ela, com medo de cair ao levantar, continuou sentada.

Merival chamou algumas pessoas que aguardavam em outra sala, estranhas figuras em roupas antigas. Como Érica esquecera de informar o que queria ganhar, e Merival sabia que ela havia ficado feliz com as escolhas de Jorge, resolvera contratar um grupo de seresteiros e dedicar-lhe uma música. Do Chico, com açúcar, com afeto.

Érica então reparou que Merival não era assim, tão baixinho, tinha um brilho vivo nos olhos, e a careca lhe conferia um charme peculiar.

Depois daquele ano, Érica largou o emprego no escritório. Queria se dedicar em ser a dona-de-casa perfeita, a mãe devotada, ela que um dia sonhava apenas em ter alguém ao seu lado, e ganhou um amigo, um amor, e até um cachorro. Só precisava melhorar em Merival seu estranho gosto literário.

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postado por Aleksandra Pereira às 3:25 PM | 6 comentário(s)
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Feliz Natal Feliz!

Gostaria de abraçá-los, meus amigos. Todos.
A distância física me impede, mas o meu coração alcança o infinito.
Obrigada pelo carinho e força.
Sintam-se acarinhados.

Queridos, já o são.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:38 AM | 10 comentário(s)
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Atualização
Queridíssimos,
atualizem o blogroll:
a Denise do Sturm und Drang! está de casa nova.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:24 PM | 2 comentário(s)
terça-feira, dezembro 19, 2006
90 anos de vida e poesia
VI

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas…
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.

(Manoel de Barros, em "Mundo Pequeno", (O Livro das Ignorãças))



"Parece que eu deveria ficar no meu canto comendo mingau.
Porém minha cabeça ferve de projetos."



(Pelo menos um tantinho, espero um dia poder errar bem o meu idioma como faz o poeta.)


Parabéns, Nequinho!




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postado por Aleksandra Pereira às 8:20 PM | 5 comentário(s)


Flintstones, Hong Kong Fu, Lula Lelé, Os Jetsons, Pepe Legal, Tom e Jerry, Olho Vivo e Faro Fino, Manda-chuva e Bakana, Leão da Montanha, Tartaruga Touché, Rabugento, Smurfs, Bob Pai Bob Filho, Dom Pixote, Zé Colméia, Scooby-Doo...

"Uma coisa importante na vida é aproveitar as oportunidades. É estar em algum lugar em uma certa hora e então uma certa coisa acontece. "


William Hanna se foi em 2001. Ontem, aos 95 anos, foi a vez de Joseph Barbera.


Cresci vendo todos esses desenhos. Talvez essa dupla tenha marcado mais presença em minha vida que Maurício de Sousa, Walt Disney...

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postado por Aleksandra Pereira às 9:30 AM | 10 comentário(s)
sábado, dezembro 16, 2006
Yeats
Brown Penny

I whispered, 'I am too young,'
And then, 'I am old enough';
Wherefore I threw a penny
To find out if I might love.
'Go and love, go and love, young man,
If the lady be young and fair.'
Ah, penny, brown penny, brown penny,
I am looped in the loops of her hair.

O love is the crooked thing,
There is nobody wise enough
To find out all that is in it,
For he would be thinking of love
Till the stars had run away
And the shadows eaten the moon.
Ah, penny, brown penny, brown penny,
One cannot begin it too soon.





Moeda marrom


Eu suspirei: "sou jovem demais"
E depois: "já tenho idade suficiente";
Em todos os lugares em que joguei uma moeda
Para descobrir se deveria amar.
"Vá e ame, vá e ame, jovem rapaz,
Se a dama for nova e justa"
Ah moeda, moeda marrom, moeda marrom,
Estou preso nos laços do cabelo dela.

O amor é coisa torta,
Não há ninguém esperto o suficiente
Pra descobrir tudo que nele existe,
Porque ele estaria pensando no amor
Até que as estrelas tivessem partido
E as sombras devorado a lua.
Ah moeda, moeda marrom, moeda marrom,
Ninguém começa cedo demais.

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postado por Aleksandra Pereira às 12:01 AM | 7 comentário(s)
quinta-feira, dezembro 14, 2006
"DO FIM ATÉ O COMEÇO" AGORA DELIVERY


Para quem desejar e quiser
degustar com calma,



"Do fim até o começo"
está disponível lá no outro blog
para download.

Comentários e críticas são
bem-vindos.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:17 PM | 2 comentário(s)
Vistitando o "A casa da mãe Joana", da Vivien, me bateu uma saudade tão grande do meu avô. Tem um ano que ele não está mais entre nós, e tudo ainda é muito recente, principalmente para minha avó.

Temos a ambição de marcar as pessoas, principalmente as mais próximas, com grandes feitos. O tempo passa, e percebo que as que mais me marcaram foram as que praticaram pequenas e importantes ações ao longo da vida. Como meu avô, Miguel Pedro.


"Seu Miguel", como era conhecido, foi um homem do campo, da roça mesmo, incansável trabalhador. Nos seus últimos dias continuava levantando cedo, a procurar por sua eterna companheira, a enxada.

Outra grande companheira foi Dona Jovelina. Graças a Deus ainda conosco, mas saudosa de seu parceiro na vida, pai de seus doze filhos, educador dos cinco que sobreviveram à fome e outras mazelas de uma vida tão severina.

Seu Miguel pouco conheceu dos netos, morando longe. Nós, ainda crianças ao visitá-lo, conhecíamos um avô mais doce do que foi como pai, mas ainda reservado.

Debaixo de frondosas mangueiras, cajueiros, pitangueiras, um avô que nos montava em bois e cavalos para que conhecêssemos a extensão de seus terrenos, conquistados com valoroso suor.

No mesmo período em que levou Ronald Golias e o eterno "Agente 86" Don Adams, Deus chamou também Seu Miguel, guardando consigo pessoas sérias em fazer rir, e um homem simples que pouco ria perante a dureza da vida.

Um homem pequenino, de pele curtida sol a sol, que quinze anos atrás se despediu de mim na Rodoviária de Natal me chamando num canto, a desejar boa viagem. Me deu sua benção e de sua mão uma bem enrolada nota de 5 cruzeiros, com a recomendação de ser para sempre feliz e que respeitasse meus pais.

Muito tempo depois, descobri que meu avô havia feito o mesmo com minha irmã, mas a verdade não diminuiu em nada seu mérito.


Miguel Pedro, homem de bem,
avô sem ressalvas.


Deixa saudades, e a certeza de que, onde estiver, está em Paz, olhando por nós.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:51 AM | 6 comentário(s)
terça-feira, dezembro 12, 2006
Dá pra entender?


Como entender quando você diz "eu não como carne",
e quem ouve enfaticamente lhe recomenda "
também temos frango e presunto"?

 
postado por Aleksandra Pereira às 10:48 AM | 10 comentário(s)
sábado, dezembro 09, 2006
Queridíssimos,
Alguns dos textos publicados aqui no blog gritavam para mim uma particularidade: suas personagens eram desastradas, que erravam mas se esforçavam por um rumo melhor para suas vidas. Tinham pouco, mas não perdiam a esperança.

Por encontrar esse traço em vários dos contos, os organizeio sob o título de "Do fim até o começo", e dediquei um outro blog somente para eles. A inspiração me veio após ler o outro blog de um excelente escritor dessa blogosfera, o Alexandre Costa, do Contos & Cultos. Quem não conhece, dê uma chegada ao "A vida secreta de uma mulher qualquer", recomendo.

Espero que gostem. É uma oportunidade de rever textos já velhos conhecidos, degustar os inéditos (sim!) e também para ler aqueles que escaparam aos comentários de vocês, fiéis amigos leitores.

update_________________________________

Caríssimos,

optei por não abrir comentários lá no "Do fim até o começo", ao menos por enquanto.
Estou tentando essa edição digital para que ele chegue as editoras com algum "currículo", como alguns autores já estão fazendo, até com sucesso, sem esperar mais para acontecer.

Mas deixei lá o link prontinho para o e-mail, querendo escrever, é só mandar! Serve até para mudar e diferenciar do espaço do blog, e ver o "Do fim..." ainda mais como um pré-livro. Espero que entendam e, mais uma vez, obrigada pela força e carinho.




imagem da capa:
"The End"_T. Al Nakib

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postado por Aleksandra Pereira às 5:05 PM | 15 comentário(s)
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.

Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."


Graciliano Ramos
 
postado por Aleksandra Pereira às 2:08 PM | 1 comentário(s)

FOLHA - Como quer ser lembrado no futuro?

B.B. KING - Honestamente, gostaria que pensassem em mim como um amigo, alguém de quem as pessoas gostavam. Só isso.



B.B. King em entrevista para a Folha de São Paulo



Obrigada, amigo.

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postado por Aleksandra Pereira às 12:41 PM | 2 comentário(s)
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Nariz
Ontem conversando com uma amiga que me perguntou se, caso fosse mudar algo no corpo, o que mudaria, respondi que mexeria no meu nariz.

Voltando para casa, meu pai me presenteou com a foto-lembrança do meu 1º aniversário. Remexendo a caixa com velhas fotos, achei as do 3º. Foi então que me toquei. Não é só o meu.


É melhor deixar como está. Marca de família.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:23 PM | 16 comentário(s)
PORTAL DO LEITOR
Portal online desenvolvido para promover uma interação entre leitores, editoras e livrarias. Funciona como uma espécie de Orkut para amantes dos livros, permitindo que os livreiros conheçam as tendências de seu público um pouco melhor.

A idéia é criar um espaço que permita o contato direto para a oferta e a procura no segmento, um grande portal de vendas direto entre leitores e editoras sem a necessidade da intermediação das grandes lojas, o que abre espaço para títulos menos populares. O site não fará vendas, direcionando o leitor pro site de vendas online ou para as livrarias mais próximas de sua casa.

O cadastro é gratuito.

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postado por Aleksandra Pereira às 10:28 AM | 4 comentário(s)
segunda-feira, dezembro 04, 2006
2ª PUBLICAÇÃO

CORAÇÃO SOLITÁRIO estava assim, muito só. Coraçãozinho magoado, pisado e machucado, já sofrera demais, e por tantas vezes...

Mas o que tinha de solitário, esse coração tinha de esperançoso. Nutria o desejo de encontrar o amor perfeito ao dobrar a esquina, arrebatador, a felicidade total e absoluta. Sonhar não custa nada mesmo.

CORAÇÃO SOLITÁRIO escrevia sempre para a coluna sentimental de um jornal, campeã de cartas. Assustava ver quantas pessoas reclamavam alguém para esquentar o pé no inverno, aquela tampa de panela, a metade da laranja – ou da maçã, pêra, melancia, não importava. O que se buscava era alguém, mesmo com defeitos, para preencher o eterno vazio, para dividir os sonhos.

Entre aquelas pessoas poderia estar sua cara metade, a companhia para uma vida inteira.

“CORAÇÃO SOLITÁRIO procura alma irmã que goste de ler, ir ao cinema, jantar fora e viagens a dois. Dispensa pessoas aventureiras e que não queiram compromisso.”


Daria certo desta vez? AMOR VERDADEIRO responde ao anúncio de CORAÇÃO SOLITÁRIO com receio. Parecia bom demais para ser verdade. Alguém sensível e interessante, ainda buscando o... amor verdadeiro...

CORAÇÃO SOLITÁRIO se enche de esperança com a resposta de AMOR VERDADEIRO. Se correspondem com intensidade por cartas, e-mails.

Passa o Natal, Ano Novo, Páscoa, até decidirem se encontrar. Marcaram para o Dia dos Namorados, a oportunidade de se conhecerem e não deixarem a data passar em branco, sozinhos, mesmo que se tornassem somente amigos.


12 de junho, camisa verde e rosa branca, entrada do Itaú Cultural, 19 horas.


Um duplo susto. Se descreveram, mas imaginavam-se diferentes. Mas os gostos combinavam, descobriram amigos comuns, freqüentavam a mesma livraria.

Noite agradável, vento nos cabelos, risadas espontâneas, sinceras. Um beijo. Um convite. Um sim.

CORAÇÃO SOLITÁRIO volta radiante para casa. Sentia que sua busca chegava ao fim. Prometeram se ligar no fim da tarde, marcar um jantar, esticar. Cabeça cheia de idéias, perguntas, vontades.

Meia-noite, nada.
Um dia, dois, cinco. AMOR VERDADEIRO não dá um sinal, satisfação, sem e-mails, cartas, telefonemas. CORAÇÃO SOLITÁRIO se preocupa, se aflige, se desespera. Se despedaça.


CORAÇÃO SOLITÁRIO não acredita mais em AMOR VERDADEIRO.


AMOR VERDADEIRO não fez por mal. Sofrera demais ao acreditar em antigas promessas, o que tornava imenso seu medo de arriscar de novo. CORAÇÃO SOLITÁRIO tinha algo de diferente, especial, mágico. Sentia que era a pessoa certa, mas não sabia o que fazer. AMOR VERDADEIRO poderia implorar, pedir perdão. Mas nada fez.

CORAÇÃO SOLITÁRIO decidiu esquecer, deixar pra lá, seguir em frente. Não ligou, não escreveu. Simplesmente não quis mais saber.


CORAÇÃO SOLITÁRIO ainda procura amor verdadeiro.

Amor verdadeiro ainda nutre esperanças de fazer feliz um coração solitário.

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postado por Aleksandra Pereira às 10:17 AM | 8 comentário(s)
sábado, dezembro 02, 2006
Segredos
"Tinha diante de si a chave da vida e da morte. Mil vezes poderia morrer agora e mil vezes renascer, se quisesse. Seus sonhos - desejos, medos, ódios - estariam todos para sempre em suas mãos, as mãos soberanas - rainhas".


Trecho do livro "Diário de Perséfone",
de Heloísa Seixas

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postado por Aleksandra Pereira às 8:56 AM | 2 comentário(s)
sexta-feira, dezembro 01, 2006
E é mesmo
 
postado por Aleksandra Pereira às 3:42 PM | 7 comentário(s)

LÁGRIMAS LAVADAS© 2006, por Aleksandra Pereira. All rights reserved.