sábado, maio 27, 2006
Um instante de puro deleite
“- O homem que tem horror a compromisso não a quer em seu próprio domínio” – lia alto Jude, enquanto Shaz mexia no controle do vídeo “Orgulho e Preconceito”, tentando encontrar o trecho em que Colin Firth mergulha no lago.

(...)

Caímos as três em silêncio nesse momento, vendo Colin Firth emergir do lago encharcado, pingando, na camisa branca transparente. Hum. Huumm.

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Trecho do livro “Bridget Jones: no limite da razão”,
Helen Fielding

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postado por Aleksandra Pereira às 2:32 PM | 2 comentário(s)
sexta-feira, maio 26, 2006
O AMOR PODE ESTAR DO SEU LADO
- A Antônia já saiu?

- Agorinha. Acabou de sair com o Gabriel.

- Gabriel. Agora é tudo ele, dele, o Gabriel viu, o Gabriel falou...

- Ciúmes?

- Não! Não, claro que não. Mas Antônia é minha melhor amiga. Poxa, ela me tirou da concha depois do divórcio, agüentou meu mau humor, dor de cotovelo...

- Talvez ela precise dar um tempo nessa amizade de vocês.

- Acha mesmo?

- Acho.

- (...)

- E é possível também que ela já tenha percebido o óbvio.

- Não tem nada prá perceber, percebido o quê? (...) Você acha que ela sabe que eu gosto dela, de outro jeito?

- Acho.

- É tão evidente assim?

- Ô. Ela é bem esperta. Mas eu acho que não foi só isso que ela percebeu não.

- Não?

- Vitor. Eu sempre entro junto com a Antonia, antes de você. Tem dias que ela chega amuada, tristinha, mas o dia dela se ilumina quando você entra por aquela porta.

- É? (...) E você não imagina o quanto me dói sair por ali, e ter que deixá-la pra trás. É abandonar a melhor parte de mim.

- Então se mexe. Pelo que eu vejo daqui da janela, sua melhor parte logo logo entrará naquele FIAT prata. Corre!


Rodapé:
Como bem apontado pela queridíssima e sempre antenada Andréa N., até o nome Vitor, essa bem que poderia ser uma história de amor entre mulheres.

Eu só percebi isso depois. Na primeira versão do texto, o Vitor dizia "Poxa, ela me tirou da concha depois que me separei da minha mulher, agüentou meu mau humor, minha dor de cotovelo...". Troquei porque achei que havia ficado longo.

Mas acredito que caiba também para um amor lésbico. São tão parecidas essas dores de amor...


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postado por Aleksandra Pereira às 2:20 AM | 4 comentário(s)
domingo, maio 21, 2006
Adote um gatinho
 
postado por Aleksandra Pereira às 9:21 AM | 4 comentário(s)
terça-feira, maio 16, 2006
Blocos Online
Amigos,
um texto meu, o "Encontros e Desencontros", faz parte dos melhores textos da quinzena no Blocos Online, da Leila Míccolis. Com certeza, vale a visita, ao menos pelo trabalho da Leila, que é excelente!

Blocos Online, portal de literatura e cultura.

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postado por Aleksandra Pereira às 9:14 PM | 1 comentário(s)
quinta-feira, maio 11, 2006
DIFERENTES SEMELHANÇAS
- Acho que era sina do seu pai gostar de mulher que não queria viver presa dentro de casa. A outra, Lucinda, queria uma vida melhor pra ela, que ele nunca poderia lhe dar. Que ele também não me deu.

- É verdade que você a viu morrer?


- É. Organizávamos uma festa beneficente lá na ponta da praia, para arrecadar fundos para a construção do salão de baile. Recebia todos convidados quando me chamaram para ir até o lado de fora, um problema com uma das entregas. Ela vinha com um vestido todo florido, e aquela torta de carne horrível que ela sempre levava nas mãos. Ela era tão bonita. Deve ter descido do táxi um pouco longe da entrada, andava dando pulinhos, toda saltitante. Aí um ônibus queimou o sinal e a acertou em cheio. Engraçado é que o único sentimento que guardo daquele dia, é que aquela torta até que não era tão ruim assim.


- Você a detestou pelo o que ela fez a nossa família, não foi?


- Não. Não foi ela quem fez, foi o seu pai. Ela foi até muito corajosa ao me mostrar aquele barrigão e dizer que o pai da criança era meu marido. Ela só estava lutando pela felicidade dela.


- Destruindo a nossa.


- Pois é. E desde quando dá para agradar todo mundo?


- Isaura, esse tom tão condescendente não combina em nada com você, não acredito que veja tudo de forma tão pacífica assim.


- E adianta agir de outro jeito hoje, depois de quase 30 anos? Prá que que vou me descabelar pra falar mal de uma mulher já morta? (...) Tive muito tempo prá pensar nisso tudo Alberto, quase 30 anos. O tempo faz a gente equilibrar melhor nossas parcelas de culpa nas coisas que acontecem em nossa vida.


- Então por que é mais fácil perdoar a outra, e ainda não ter perdoado o meu pai?


- Não, sei. Talvez seja pelo mesmo motivo o qual você ainda não o perdoou, meu filho: nós ainda o amamos.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:13 PM | 4 comentário(s)
segunda-feira, maio 08, 2006
HAICAI

Vento assobiando
entre bambus,
canção de ninar pássaros.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:39 AM | 3 comentário(s)
quarta-feira, maio 03, 2006
“O MEU DESTINO É SER STAR”
Altair era ladrão. Não dos largamente reconhecidos em noticiários de plantão, nem desses que volta e meia estampam as colunas policiais – era sempre o que ficava para trás nas fugas, o mais devagar, o das costas mais frias.

Ele bem que tentava levar uma vida digna, mas sua preguiça em levantar cedo o fazia inventar as mais variadas desculpas aos empregadores, que as aceitavam até o limite aceitável. Sonhava em ficar rico e famoso, mas a única pessoa que assumidamente o conhecia era dona Idalina, sua mãe - e mãe a gente não conta.

Mas Altair precisava de dinheiro para montar o barraco dos sonhos de sua mulher, Sandra Rosa Madalena, que ganhara esse nome em homenagem ao homem que crescera acreditando ser seu pai; a mãe não confirma ou nega, mas não abandona o retrato autografado já roto, escondido sob o colchão.

Sem nada para fazer nem dinheiro para gastar, passeando com a esposa, Altair um dia notara o brilho de satisfação nos olhos de Sandra Rosa admirando um sofá exposto numa vitrine. Seu olhos brilhavam mais do que fogos pipocando na noite do Morro do Chacrinha. Sabia que sua nega já se via sentada naquele sofá, na sala de casa, recebendo as vizinhas roxas de inveja, enquanto a mãe punha na vitrola um disco do Magal.

A saideira. Altair promete ser esta a última vez em que se mete em roubada, delirando ao pensar na felicidade de sua mulherzinha. Será hoje à noite.

Sandra Rosa Madalena está em casa, cansada após lavar tantos cabelos em seu pequeno e alugado salão. Liga a diminuta TV, comprada em prestações – “Mas é minha” – e se acomoda no velho sofá ao lado da mãe e da sogra, que cochila. Mas num pulo, aos gritos, Sandra Rosa e as duas mulheres vêem no noticiário local um sonolento e assustado Altair, escoltado por dois policiais:

A polícia respondeu a um chamado de arrombamento nesta loja de móveis aqui do centro, e encontraram o provável criminoso, Altair José dos Santos, 27 anos, dormindo em cima de um tapete. Dormia tão tranqüilamente que o barulho dos roncos guiara os policiais até os fundos da loja”.

- Seu Altair, por que o senhor invadiu a loja de móveis?, perguntou uma sardenta repórter.

- SANDRA ROSA, MINHA NEGA, EU FIZ BESTEIRA MAS FOI PRA TU, PAIXÃO, EU JURO!, apelou Altair.

- O senhor agia sozinho?

- Por que foi pego dormindo?

- Como levaria o sofá para casa?

- O senhor se arrependeu?

Altair não responde. Flashes explodem enquanto repórteres aguardam ansiosos, o aviso de “AO VIVO” piscando na lateral da tela, Sandra Rosa sem saber se socorre a sogra ou enfarta.

- Seu Altair, não tem mais nada a dizer?, - aguardavam câmeras, gravadores e microfones.

Altair, pingando suor, ensaia um sorriso amarelo.

- Tenho, sim senhora. (...) MÃE, EU TÔ NA GLOBO!!!!


Texto inspirado em nota divulgada no UOL TABLÓIDE.

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postado por Aleksandra Pereira às 3:00 PM | 5 comentário(s)

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