domingo, outubro 30, 2005

Um blog que gosto de visitar é o Ópio, do Ralph Spegel. Num dos posts, falando sobre nosso amado e odiado hábito de escrever, Ralph diz que "escreve para não morrer".

A escritora carioca Heloísa Seixas diz que escreve sobre seus medos; já Adriana Falcão, "para não ficar louca".

Sempre que paro para pensar no por que escrever, são essas as principais respostas que me norteiam. Longe de serem frases feitas, pelo menos pra mim são grandes verdades, mesmo achando que o livro ou conto existente em minha cabeça é muito melhor do que o que chega ao papel.

Mas chegam em algum lugar. O ato de pôr para fora, dividir, ainda que num primeiro instante só para um caderno, um arquivo. Ou aqui. Escrevendo para sabe lá quantas pessoas, que podem voltar ou não, gostar ou não do que lêem. Espero que sim. Que gostem, que voltem. Se não gostarem ou voltarem, continuarei escrevendo. Seja para não morrer, para combater medos ou para não ficar louca. Porque escrever é parte de mim.
 
postado por Aleksandra Pereira às 5:50 PM | 1 comentário(s)
sábado, outubro 29, 2005
- Você continua um mistério prá mim. (...) Sabe o que eu realmente queria, Olívia? Ler nesse rosto tudo o que você viveu nesses três anos. Se você foi feliz.
- E eu olhava suas costas, tentando ler sua nova vida nelas. Tão difícil. E seus cabelos ficaram mais ralos desde a última vez que a gente se viu (...) Você ainda tem a marca da aliança! Já deveria ter saído.
- Não é algo tão fácil assim de esquecer. Sumir. De sumir.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:48 AM | 3 comentário(s)
quinta-feira, outubro 27, 2005
- Mas por que, Estela? Por que a Clara? Por que ela?
- Esquece o ELA, Alberto. Eu não me apaixonei por Clara, a mulher, uma paixão homossexual. Só encontrei alguém que me percebe viva, de verdade, que me olha no fundo dos olhos. Me apaixonei sim, pela pessoa dela.

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postado por Aleksandra Pereira às 11:35 AM | 1 comentário(s)
quarta-feira, outubro 26, 2005
Um Documentário para o poeta Narciso de Andrade
Queridos,

Estamos buscamos depoimentos de amigos, colegas de trabalho, conhecidos, ou fãs dos textos do poeta Narciso de Andrade, constantes por tanto tempo nas páginas do jornal "A Tribuna".

"Na raiz do sonho, a poesia". E sua poesia transpira paixão. A paixão do poeta pela palavra.
E poesia no sentido maior e irrestrito de liberdade, pois, como ele mesmo disse, “ninguém passa pela vida sem deixar marcas - o rosto de um irmão, a voz de um amigo, caneta mordida, cor de um sorriso, uma cadeira do lado da janela e o mar lá longe. Poetas deixam versos”.

Mas, se os versos do poeta são as marcas maiores que ele deixa, devem ser acessíveis a todos. A poesia de Narciso de Andrade, confinada em revistas e jornais e cópias em mãos de alguns amigos privilegiados, buscam a divulgação devida.

Com a permissão da família, pretendemos fazer um pouquinho que seja, para reconhecer o trabalho de toda uma vida. Quem quiser falar, souber de alguém que possua histórias que envolvam o poeta Narciso de Andrade e sua paixão pela cidade de Santos (e por Dona Amélia), por favor escreva para aleksandrapereira@gmail.com.

Os versos de Narciso anseiam ganhar o mundo.


Update:
atualmente, o projeto encontra-se ARQUIVADO

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postado por Aleksandra Pereira às 1:42 AM | 0 comentário(s)
terça-feira, outubro 25, 2005
- Ela pisou feio na bola contigo, meu bem. Mas se você gosta dela, perdoa, volta pra casa.
- Não posso mais viver com aquela mulher.
- Vamos, não seja assim tão dramático. Vai me dizer que nesses anos todos, você nunca traiu tua mulher?
- Já. Mas ela foi a primeira a saber.
- E?
- E o quê?
- E por ter descoberto a puladinha de cerca dela só agora, é que tá reagindo assim?
- Não sei, não sei.
- Olha, coração. Parece clichê, eu sei, mas só se vive uma vez nessa vida. E tá na cara que você é louco por essa mulher. Volte lá. Senão, depois você vai se arrepender, e passar o que resta da tua vida ou correndo na praia tentando segurar o que já vem mesmo caindo com o tempo... ou freqüentando bares pensando em trazer ainda alguma alegria pra tua vida.
- Está bem. Vou tentar.
- Assim é que se fala!

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postado por Aleksandra Pereira às 1:53 AM | 0 comentário(s)
sábado, outubro 22, 2005
MALES DE AMOR
Ana e Jonas viviam discutindo. Ela queria que ele parasse mais em casa, reparasse nela, brincasse mais com os filhos. Mas Jonas sequer a ouvia. Era Ana começar a se queixar, ele logo explodia, e era a deixa para sair de casa e espairecer, ficando Ana só com as paredes.

Um dia, Ana preparou para Jonas um dia mais requintados jantares. Ao chegar em casa e se deparar com aquela fartura de delícias, seus pratos prediletos, Jonas bendisse à Deus a mulher que tinha. Comeu de se esbaldar, lambendo os dedos de contentamento, enquanto Ana o servia pacientemente.

Não tardou para seu plano fazer efeito: Jonas começou a passar mal. Desesperado, suando em bicas, ao olhar para o sereno e impassível rosto de Ana, percebeu que fora vítima de uma engenhosa armadilha. Não queria ceder, entregar os pontos. Ana só o olhava. Em pânico, já se contorcendo de dor, a única solução que resta a Jonas é se entregar ao inimigo. Perdera a batalha. Corre para o banheiro, de onde chora, aliviado.

Ana, do lado de fora, calmamente pega uma cadeira, e senta. Pode ter estragado a flora intestinal do marido, mas não iria estragar seu casamento. Assim, impossibilitado de deixar o posto por um bom par de tempo, Jonas teve que, pacientemente e sem outra opção, ouvir todas as queixas acumuladas da esposa, enquanto maldizia os efeitos quase instantâneos do laxante que, sem saber, teve que tomar.

P.S.1: é fato que, os amigos do casal que frequentam a casa, ao saberem que eles estão no meio de uma crise, nada comem ou bebem quando os visitam. Vai saber...

P.S.2: baseado numa história real.

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postado por Aleksandra Pereira às 2:22 PM | 1 comentário(s)
quarta-feira, outubro 19, 2005
"Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. 'Para que lhe servirá?', perguntaram-lhe. 'Para aprender esta ária antes de morrer'".

Italo Calvino
"Por Que Ler os Clássicos"

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postado por Aleksandra Pereira às 12:52 AM | 1 comentário(s)
terça-feira, outubro 18, 2005
- Sabe o que é confiar numa pessoa, cegamente, e depois de anos, descobrir que essa pessoa te traiu?

Breno põe a mão esquerda sobre o balcão. Estefânia repara na aliança.

- Você é casado! Por que é que eu nem fico mais admirada?

- Íamos passar a semana juntos, só nós dois.

Breno vê que Estefânia só olha para sua aliança. Tira a mão, disfarçando, tenta tirar do dedo, enquanto ela o observa, inquisidora.

- Os filhos longe, as coisas todas resolvidas...

Depois de muito tentar, Breno consegue retirar a argola dourada. Começa a rir, envergonhado, analisando a aliança na mão.

- O que foi? Qual é a graça?

- Nós nunca nos casamos de verdade, sabe? Mas a minha aliança com ela sempre esteve nesse dedo. Pra ela, e ninguém mais.

- E no quê isso é engraçado?

- É que me ocorreu que nunca havia tirado essa aliança do dedo em trinta e cinco anos.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:17 AM | 1 comentário(s)
sexta-feira, outubro 14, 2005
CARNAVAL DE SANGUE
Aprendi a gostar de música com meu pai. Ele adorava colocar seus discos de bolero na velha vitrola. Me lembro de quando era pequeno. Estava brincando, remexendo as coisas em casa, quando achei uma caixa cheia com cassetes antigos. Peguei um, e puxei com prazer aquela enorme faixa preta, e fui espalhando tudo pela casa, feliz da vida.

Quando meu pai chegou e viu a serpentina de meu carnaval improvisado, ficou uma fera, e me deu uma surra daquelas. Deve ser por isso que ainda hoje carnaval tem um gosto dolorido de sangue na boca.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:06 AM | 1 comentário(s)
quarta-feira, outubro 12, 2005
Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.
Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!

[FERNANDO PESSOA]

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postado por Aleksandra Pereira às 11:06 AM | 3 comentário(s)
terça-feira, outubro 11, 2005
“Ah! Se títulos, cargos e propriedades não fossem fruto da corrupção,
Se as altas honrarias só fossem concedidas pelo mérito de quem as detém.

Quantos não estariam melhores do que estão agora?

Quantos dos que comandam não estariam entre os comandados?



(O Mercador de Veneza, W. Shakespeare)

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postado por Aleksandra Pereira às 12:58 AM | 2 comentário(s)
sábado, outubro 08, 2005
- Pára, por favor. Assim você está me magoando.
- Você não entende. De qualquer jeito eu te magoaria. Não existe uma melhor maneira de se magoar alguém.

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postado por Aleksandra Pereira às 9:44 PM | 1 comentário(s)
O amor é filme, eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
O amor é filme, eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
um belo dia a gente acorda e humm
Um filme passou por a gente
E parece que ja se anunciou, o episódio 2
É quando a gente sente o amor, se abuletar na gente
Tudo acabou bem, agora é o que vem depois
O amor é filme, eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica
É quando as emoções viram luz e sombras e sons movimento
E o mundo todo vira nós dois, dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor, persegue o sentimento
O suím da ré que sobem os créditos
O amor é filme e Deus espectador
A gente pudia ser como o pessoal do filme
Puder cortar as parte chata da vida
Puder evitar os acontecimento, num é?


(Cordel Do Fogo Encantado)

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postado por Aleksandra Pereira às 12:22 AM | 2 comentário(s)
quarta-feira, outubro 05, 2005
- Eu e o Marcelo estamos dando um tempo, vendo como as coisas se ajeitam.
- Existe uma outra ou um outro nessa relação?
- O pior é que não. Somos nós mesmos.
- Boa sorte.
- A boa sorte está em falta nesse momento.

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postado por Aleksandra Pereira às 1:18 AM | 0 comentário(s)
terça-feira, outubro 04, 2005
- Bom dia.
- Bom dia. É cedo ainda, não é? Acordei você?
- Tive um pressentimento de que já estava acordado faz tempo.
- Acabo de me levantar. Estava preparando nosso café-da-manhã.
- Que bom, por que tô morrendo de fome!
- É bom, pois temos pão queimado na chapa acompanhado por suco de laranja azedo.
- Nossa, você sabe mesmo como agradar uma mulher!

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postado por Aleksandra Pereira às 8:34 PM | 1 comentário(s)
segunda-feira, outubro 03, 2005
Sonhos de uma noite de verão
"Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas,
só as de verão.
Mas no fundo isso não tem importância.
O que interessa mesmo
não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."

- William Shakespeare

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postado por Aleksandra Pereira às 4:48 PM | 1 comentário(s)
domingo, outubro 02, 2005
"Há uma grande diferença entre viver com alguém e viver em alguém. Pessoas há em quem somos capazes de viver sem que consigamos viver com elas. E há os casos inversos. Só uma extrema pureza do amor e da amizade está em condições de juntar as duas coisas.
O homem só pode viver com os que se lhe assemelham. E ao mesmo tempo não pode viver com eles, porque não suporta que alguém se lhe assemelhe eternamente.
Quando duas pessoas estão inteiramente satisfeitas uma com a outra, podemos ter quase sempre a certeza de que estão ambas enganadas."

(Goethe)
 
postado por Aleksandra Pereira às 2:14 PM | 2 comentário(s)
sábado, outubro 01, 2005
- Acho que a gente podia dar uma boa melhorada em uma parte do texto.
- É? Qual?
- Aquela conversa que eles estão tendo no bar, ele podia chegar assim, de repente, vindo do banheiro (que ele foi só para respirar e tomar coragem), e dizer prá ela que ele também gosta dela. Que ele gostou dela desde a primeira vez que ele a viu, mas que ficou na dele. E que também ele achava que ela tinha namorado, e ainda, que ela nunca iria se interessar por um cara assim, como ele.
- Como assim, "como ele"?
- Sei lá. Feio, sem graça.
- Mas ela pode responder então que o acha muito atraente.
- Ela acha?
- Acha.
- Então ela é doida mesmo (...) Mas, será que depois de dizer tudo isso, ela vai acreditar que ele já gostava mesmo dela e antes dela dizer que tava de olho nele?
- Acho que ele tá quase convencendo ela.
- É?
- Falta só um pouquinho assim...
- Aé? Então o que ele precisa dizer para ela acreditar 100%?
- Acho que falar não. Ele poderia dar um beijo nela. Não precisa de mais diálogo. Nessas horas a gente nunca sabe o que dizer mesmo...

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postado por Aleksandra Pereira às 12:27 AM | 1 comentário(s)

LÁGRIMAS LAVADAS© 2006, por Aleksandra Pereira. All rights reserved.